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Terça-Feira,26 de Novembro

Domingo de Páscoa é dia de chocolate: O Norte explica a origem dessa tradição

Jornal O Norte
13/04/2006 às 18:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:33

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Quando chega a semana santa, nem é preciso olhar atentamente para perceber que as prateleiras dos supermercados estão cheias de celofanes coloridos dos ovos de Páscoa. Mas as grandes lojas estão longe de ser a única opção na hora de comprar os produtos, já que os ovos caseiros têm opções para coelhinho nenhum botar defeito.

Nessa época, as pessoas aproveitam para botar a criatividade para funcionar e ainda faturar um bom dinheiro, investindo no ramo de chocolates.




Cesta de ovos de Páscoa ucranianos (foto: divulgação)

De onde surgiu essa tradição? Por que as pessoas trocam ovos de chocolate na Páscoa? Nossa reportagem fez uma pesquisa e descobriu a origem do ritual que, no mundo inteiro, adoça a boca e alma.

A ORIGEM DA PÁSCOA

A palavra páscoa vem do hebreu peseach, que significa passagem. Para todos os povos, a celebração da Páscoa tem o mesmo significado: os judeus comemoram a libertação do povo de Israel do Egito; os cristãos celebram a ressurreição de Jesus Cristo.

A ORIGEM DOS OVOS DE PÁSCOA

Os ovos de Páscoa nem sempre foram comestíveis. Na verdade, a tradição de presentear com ovos de chocolate surgiu apenas no século XIX, com o desenvolvimento da indústria chocolateira.

Os antigos druidas carregavam um ovo como emblema sagrado de sua ordem. Na Dionisíaca, ou Mistérios de Dionísio [Baco], celebrado em Atenas, uma parte da cerimônia noturna consistia na consagração de um ovo. As fábulas hindus celebram seu ovo mundano de cor dourada. O povo japonês fabrica ovos sagrados de bronze ou de latão. Na China, ovos pintados são usados em festivais sagrados. Nos tempos antigos, os ovos eram usados nos ritos religiosos dos egípcios e gregos, e eram pendurados para propósitos místicos nos templos. Os poetas clássicos falam da fábula do ovo místico dos babilônios, segundo a qual um ovo muito grande caiu do céu no rio Eufrates. Os peixes o levaram até a margem, e as pombas sentaram sobre ele e o chocaram. Assim nasceu Vênus, que mais tarde foi chamada de Deusa Síria, que é Astarte. Assim, o ovo tornou-se um dos símbolos de Astarte (de onde vem a palavra inglesa Easter, Páscoa).

A Igreja Romana adotou o ovo místico de Astarte, e o consagrou como um símbolo da ressurreição de Cristo. Uma forma de oração foi recomendada para ser usada em conexão com ela. O papa Paulo VI ensinou seus seguidores a orar assim na Páscoa:

- Abençoa, Senhor, nós te rogamos, estes ovos, para que se tornem sustento para os teus servos, que comem lembrando do Senhor Jesus Cristo.

OVOS COMO PRESENTE

Séculos mais tarde, os ovos brancos foram pintados com cores vibrantes e presenteados a entes e amigos queridos. Eram verdadeiras obras de arte.

Os primeiros a colorir os ovos para presentear foram os cristãos da Mesopotâmia. Na Grã-Bretanha, costumava-se escrever mensagens e datas nos ovos para os amigos. Na Alemanha, os ovos eram dados às crianças, junto de outros presentes de Páscoa. Na Armênia, decoravam ovos ocos com imagens religiosas.

O interessante é que mesmo antes de se tornar símbolo da Páscoa, o ovo tinha um significado especial. Em rituais pagões, simbolizava o renascimento da Terra. Já os romanos, gauleses, egípcios e persas o cultuavam como símbolo do universo. Hoje, na tradição cristã, o ovo simboliza o (re)nascimento.

A TRADIÇÃO DO COELHO

A tradição do coelho da Páscoa foi trazida à América por imigrantes alemães em 1700. O coelhinho visitava as crianças, escondendo os ovos coloridos que elas teriam que encontrar no domingo de Páscoa.

Reza uma outra lenda que uma mulher pobre coloriu alguns ovos e os escondeu em um ninho para dá-los a seus filhos como presente de Páscoa. Quando as crianças descobriram o ninho, um coelho passou correndo. Espalhou-se então a história de que o coelho é quem trouxe os ovos.

No antigo Egito, o coelho simbolizava o nascimento e a nova vida. Alguns povos da Antigüidade o consideravam o símbolo da Lua. É possível que ele tenha se tornado símbolo pascal devido ao fato de a Lua determinar a data da Páscoa.

Mas o certo mesmo é que a origem da imagem do coelho na Páscoa está na fertilidade que os coelhos possuem , por gerarem grandes ninhadas, simbolizando, portanto, para a Igreja, a geração de novos fiéis.

SÍMBOLOS DA PÁSCOA

As luzes, velas e fogueiras são uma marca das celebrações pascais. Em alguns países, os católicos apagam todas as luzes de suas igrejas na sexta-feira da Paixão.

Na véspera da Páscoa, fazem um novo fogo para acender o principal círio pascal e o utilizam para reacender todas as velas da igreja. Então acendem suas próprias velas no grande círio pascal e as levam para casa a fim de utilizá-las em ocasiões especiais. O círio é a grande vela acesa na Aleluia, simbolizando a luz dos povos, em Cristo. Alfa e Ômega nela gravadas querem dizer: Deus é o princípio e o fim de tudo.

Em muitas partes da Europa Central e Setentrional, é costume acender-se fogueiras no cume dos montes. As pessoas reúnem-se em torno delas e cantam hinos pascais.

O Cordeiro simboliza Cristo, que é o cordeiro de Deus, que se sacrificou em favor de todo o rebanho. O Pão e o Vinho representam o corpo e sangue de Jesus que na última ceia escolheu e deu a seus discípulos para celebrar a vida eterna.

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