Jerúsia Arruda
Repórter
Em 2006, o serviço social comemorou 70 anos de profissão regulamentada no Brasil e os programas sociais desenvolvidos pelo governo federal são considerados referência para todo mundo.
Para falar sobre as políticas sociais e as peculiaridades da profissão no Brasil, a assistente social Érika Letícia Dantas Ruas participou, no último mês de janeiro, de duas conferências na Universidade Nacional do Centro do Peru, na cidade de Huan Cayo, onde falou para docentes de acadêmicos do curso de Trabajo Social (Serviço Social) da universidade.
- Na primeira conferência, no dia 10 de janeiro, falei para os docentes da universidade sobre o serviço social no Brasil, a formação profissional, organização social, legislação profissional, código de ética, sobre os conselhos, campo de trabalho, a relação entre o terceiro setor e o governo, os programas sociais desenvolvidos pelo governo federal e os movimentos de reconceituação do serviço social no Brasil, que também aconteceram em todo mundo – conta.
No dia 17 de janeiro, Érika falou para docentes a acadêmicos da universidade sobre o mesmo tema e respondeu aos seus questionamentos, principalmente sobre os programas sociais do governo federal.
- No Peru, a educação tem uma hierarquia diferente da nossa, no Brasil, e o professores e estudantes não compartilham outros espaços além da sala de aula. Tudo é feito em separado. E a segunda palestra foi um momento raro, que reuniu os docentes e acadêmicos em um mesmo espaço. Foi muito interessante. Essa troca de experiências é sempre muito enriquecedora. Foi muito gratificante – comemora.
Érika diz que o serviço social no Peru tem mais diferenças do que semelhanças com o Brasil.
- Numa primeira leitura, diríamos que o Brasil avançou mais, mas se analisarmos melhor vamos ver que essa diferença também se dá pela questão cultural. A abordagem é diferente. Por exemplo, o trabalho infantil aqui no Brasil é combatido e programas como o Peti (Programa de Erradicação do trabalho Infantil) foram criados para que, além de tirar a criança do trabalho também façam a promoção social, não só da criança, mas de toda sua família. No Peru, o trabalho infantil é valorizado. Os programas tentam minimizar a insalubridade, mas o país defende e necessita do trabalho infantil – explica.
A assistente social avalia os programas sociais do Brasil como ótimos, teoricamente.
PROGRAMAS SOCIAIS
- Os programas do governo federal têm o que chamamos de porta de entrada e porta de saída. O Bolsa-Família, por exemplo, oferece o benefício, a família usufrui do incentivo, mas tem a condicionalidade e a família precisa manter as crianças na escola, manter o cartão de vacinação em dia, entre outras condições. Acontece a promoção social. Então, quando digo teoricamente, quero dizer que o governo faz sua parte, mas depende da família não se acomodar, também fazer sua parte para que o programa realmente alcance o resultado proposto. Talvez esse também seja um problema cultural e é preciso educar politicamente a comunidade para que os programas sociais realmente dêem resultados positivos – argumenta.
ESTÁGIOS
Érika Letícia graduou em Serviço Social em 2006 e, desde setembro de 2007, trabalha como supervisora de estágios do curso de Serviço Social da Funorte.
- Trabalho com os acadêmicos junto à equipe 15 do PSF – Programa Saúde da Família do Eldorado I, que também atende à comunidade do Cedro e do Castelo Branco. São comunidades carentes, que vivem em situação de risco. Nos estágios, orientamos às famílias sobre os programas do governo federal, de como podem usufruir de seus benefícios, não somente da ajuda financeira, mas, principalmente das atividades sociais, como no CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), que desenvolve ações e serviços básicos continuados para famílias em situação de vulnerabilidade social. Também temos estágios em outros espaços e, assim como no PSF, o acadêmico tem a oportunidade de vivenciar experiências que exigem um posicionamento crítico, desenvolvendo, assim, a capacidade para enfrentar os desafios da profissão, porque alia a teoria à prática. O resultado é um profissional mais preparado para encarar a realidade na prática – explica.
Érika foi convidada pela UNCP a retornar ao Peru no próximo mês de novembro, como palestrante do Congresso Nacional de Trabajo Social.
