A versatilidade no canto de Tatiana Lima

Jornal O Norte
24/01/2006 às 10:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:28

Jerúsia Arruda


Repórter


jerusia@onorte.net

Com voz grave e suave revelando ter estilo próprio até no jeito de falar, a cantora Tatiana Lima se prepara para gravar em CD as canções que a inspiram em seus shows.




Depois de um longo período cantando ao som do violão,


Tatiana Lima prepara novo show,


acompanhada de banda
(Foto: Adriano Madureira)

Nascida em São Paulo, mas morando em Montes Claros há mais de dez anos, Tatiana se diz montes-clarense, amante das músicas e da arte produzida na terra de Godofredo Guedes e de tantos outros nomes que embalam sonhos pelo mundo afora.

Apesar de não ter vivenciado a música na infância, nem ter cantores ou músicos na família, Tatiana diz que, por causa de seu timbre vocal, sempre pergun-tavam se ela era cantora, mas que, ela mesma, nunca tinha pensado na possibilidade. Até que um dia resolveu fazer um teste

- Foi uma coisa meio por acaso. Uma amiga minha fazia backing vocal no show da dupla sertaneja, Júnior e Jefferson e, um dia, como não pôde ir ao ensaio, me pediu para que eu fosse no lugar dela.  Foi em 1999. Fiz o teste, passei e acabei participando do show. Foi aí que conheci o guitarrista Colimério Rodrigues, que me convidou para fazer parte da banda dele, Impacto. Fiquei meio indecisa, afinal nunca tinha pensado em ser cantora pra valer. Para mim era só uma experiência. Mas depois de estar uma vez no palco é difícil resistir a ele. Tinha combinado com Colimério de telefonar para marcar um teste e, depois de alguns dias, com minhas amigas colocando pilha, resolvi ligar. Ele me disse que tinha acabado de montar a banda, que estava precisando de uma cantora. Fiz o teste. Fiquei por cinco maravilhosos anos – recorda a cantora.

Depois de conviver por cinco anos com o guitarrista, Tatiana diz ter se tornado uma espécie de discípula dele, com quem, pela proximidade, tornou-se parecida nos hábitos, trejeitos e, principalmente, no bom humor. Foi com ele que, segundo ela, aprendeu quase tudo o que sabe de música, decorrente da prática disciplinada à qual foi submetida.

A teoria aperfeiçoou no con-servatório Lorenzo Fernandez, onde estudou por um tempo.

TRILHANDO CAMINHOS

Depois que ingressou na banda Impacto, Tatiana diz ter descoberto a profissão à qual quer se dedicar por toda a vida. Paralelamente aos shows da banda, cantava na noite acompanhada por Colimério; violão e voz.

- Nos finais de semana em que a banda não tocava, fazíamos um duo, cantando MPB em barzinhos. A princípio, para ganhar uma grana, mas depois comecei a gostar da idéia. Não sei se porque me ouvia melhor, se porque podia escolher as músicas que eu gostava de cantar, o que sei é que passei a me sentir melhor fazendo esse trabalho. Então, fiquei alternando entre banda e barzinho; até que resolvi deixar a banda. Assumi meu nome e passei a vender os shows como Tatiana Lima, sempre escolhendo bons músicos para me acompanhar – avalia.

Depois de uma rápida passagem pela banda Pitter and Cia, onde fez uma reavaliação de seu trabalho, Tatiana diz ter tido certeza de que queria realmente investir em um trabalho próprio.

- A principio rejeitei um pouco, pois sou muito mais aquele alegrião de banda. Gosto do movimento da música e ao violão não dá. Antes não tinha estranhado porque ainda cantava com a banda e uma coisa compensava a outra. Mas resolvi ir devagar. Por muito tempo cantei somente acompanhada de violão e, às vezes, convidava mais um músico para incrementar o show – argumenta.

VENCENDO DESAFIOS

O contínuo exercício da profissão sem maiores cuidados colocou a voz da cantora em risco. Com muita facilidade de ficar rouca, que Tatiana diz atribuir ao batidão de banda e à influência psicológica do temperamento emotivo típico dos cancerianos, a cantora hoje está fazendo um tratamento intensivo para recuperar a voz.

- Durante o mês de fevereiro vou dar um tempo para que minha voz volte a ter o timbre e a clareza que sempre teve e, se Deus quiser, vou ficar legal – diz.

No último reveillon, enquanto cantava, Tatiana disse que teve certeza que não saberia fazer outra coisa que não fosse cantar.

- Enquanto via todo mundo comemorando, decidi que nesse ano faria uma coisa bem maior, porque cantar é muito bom. Eu posso estar no baixo astral total, mas quando estou no palco me sinto forte, no comando. Então, a partir desse mês começo a me apresentar com banda, usando meu nome, é claro. No final de fevereiro ou início de março lanço o CD, que terá uma pegada mais movimentada, bem com minha cara. Serão releituras de sucessos que já tocamos no show e, talvez, apenas uma música inédita, com uma letra legal e refrão fácil, como faixa de trabalho.

INFLUÊNCIAS

Sobre os artistas que ouve, Tatiana diz ser bem eclética.

- Quando ganhei de presente da minha avó todos os LP’s do Chico Buarque fiquei maravilha-da. Eu adoro MPB, mas também ouço, assumidamente, a Ana Carolina, não pelo modismo, mas a admiro porque ela compõe. E composição é dom, não é para qualquer um. Gosto muito da Ivete Sangalo, do Jorge Benjor, das variações do Ed Mota e sou apaixonada pela melodia do Emílio Santiago. Gosto também de soul music e de jazz.

Assim como a música sou muito variada. Até costumo dizer que tenho duas personalidades. Uma Tatiana é mais pacata, mais compreensiva, mais calma, mais cândida. A outra, dá a cara para bater. Inclusive, eu queria ser sempre esta.

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