A censura da mídia e a guerra de informações

Jornal O Norte
Publicado em 01/08/2008 às 10:35.Atualizado em 15/11/2021 às 07:39.

A contribuição histórica do movimento constitucionalista para o processo de democratização no Brasil é o tema central do livro 1932: Imagens de uma revolução, da editora Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. A obra procura retratar como o maior conflito bélico do País no século XX é responsável por algumas mudanças no contexto político do início da ditadura do governo Getúlio Vargas.



Em meio ao crescimento de governos totalitários no mundo, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, a luta dos constitucionalistas estava estruturada em democracia, liberdade e cidadania. O livro do historiador Marco Villa, docente do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos, foi lançado no dia 15 de julho, na Casa das Rosas, em São Paulo.



A proposta do livro de Villa está longe de fazer louvor à guerra. Pelo contrário: o autor critica como a luta pela democracia deixou de ser tensão politica e caracterizou-se como guerra civil. A maior guerra brasileira do século XX começou no dia 9 de julho e se estendeu até 29 de setembro de 1932. O conflito envolveu cerca de 85 mil combatentes, sendo 55 mil das forças federais e 30 mil do exército constitucionalista. A aviação foi usada pela primeira vez em uma guerra civil brasileira. Eram 12 aviões do lado federal e 6 dos constitucionalistas. No início, os aviões fizeram guerra ideológica jogando panfletos sobre a cidade, mas no decorrer dos 90 dias do conflito, os bombardeios atingiram áreas civis, navios, fábricas e usinas elétricas.



Estima-se que o número de mortos em 1932 foi três vezes superior ao de soldados da Força Expedicionária Brasileira que morreram nos campos da Itália durante a Segunda Guerra Mundial: 1.050 soldados federais e 634 constitucionalistas.



O principal objetivo do professor é desfazer as visões reducionistas da Revolução. Marco Villa critica a posição dos que acusam a Revolução de ter sido uma luta marcada pelo conservadorismo e desejo separatista dos paulistas. Ele rejeita também a versão dos que restringem todo o contexto histórico do que aconteceu em 1932 a um mero instrumento do Partido Republicano Paulista (PRP). O movimento seria a reação dos que perderam o poder em 30.



- São essas visões que contribuem para que a data caia no esquecimento público - afirma Marco Villa.



O problema dessas versões, segundo o autor, é que a importância política do movimento pela democracia sequer é mencionada. Enquanto isso, o mundo tomava contornos de ditadura. O Fascismo crescia na Itália, o Nazismo na Alemanha, o Salazarismo em Portugal, o Stalinismo na União Soviética e o Franquismo na Espanha. O principal resultado da luta dos constitucionalistas pode ser visualizado no que aconteceu em 1933: a realização das eleições para a Assembléia Nacional Constituinte e o voto feminino, pela primeira vez na história do país.



Entre as imagens da Revolução, o historiador ilustra como os jornais de São Paulo e do Rio de Janeiro manipulavam as informações para produzir uma imagem positiva de cada movimento para a população.



- Costuma-se dizer que em uma guerra a primeira vítima é a verdade - analisa o professor. Ele cita como exemplo as matérias sobre constantes vitórias da tropa de São Paulo sobre a federal divulgadas no jornal O Estado de São Paulo. Essa linha editorial permaneceu até a data de rendição dos constitucionalistas.



A obra “1932: Imagens de uma revolução” é resultado da pesquisa que o professor Villa desenvolve sobre a cidade de São Paulo. Ela é ricamente ilustrada com imagens de armas, tanques de guerra, soldados no campo de batalha, recortes de jornal, mapas de São Paulo e cartazes de propaganda. Marco Antonio Villa é historiador, mestre em Sociologia e doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Para 2009, o professor já planeja publicar um ensaio intitulado Breve História de São Paulo. Será um amplo levantamento bibliográfico do século XVI até os dilemas vivenciados no início do século XXI, com destaque para o século XX.



Para os interessados em adquirir o livro 1932: Imagens de uma revolução, a compra pode ser feita pelo site da Imprensa Oficial, no endereço http://livraria.imprensaoficial.com.br.

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