Educação

60% da juventude mineira aposta na qualificação profissional

Márcia Vieira*
Publicado em 04/01/2024 às 21:43.
Samuel Leal: da guarda mirim para o setor administrativo em um hospital (Arquivo pessoal)

Samuel Leal: da guarda mirim para o setor administrativo em um hospital (Arquivo pessoal)

Com o objetivo de aprimorar as perspectivas de emprego para os jovens no estado de Minas Gerais, o Governo de Minas realizou, por meio da Secretaria Estadual de Educação (SEE-MG), um estudo que faz um diagnóstico dos interesses e sonhos da juventude mineira. Após a divulgação dos resultados, que contaram com a participação de 600 pessoas respondendo ao questionário em uma plataforma virtual, o estudo revela que 60% dos jovens consideram importante ter acesso a cursos e formações profissionais. Do total de participantes, 39% buscam oportunidades utilizando redes sociais e 16,98% utilizam portais e sites de emprego. Além disso, 36% dos participantes estão realizando algum curso e estão em busca de oportunidades de trabalho, enquanto apenas 5% não estão cursando ou procurando emprego. 

“A pesquisa nos ajuda a subsidiar quais são os interesses dos nossos jovens e, principalmente, o que estão buscando para o futuro deles. Assim, nos leva a criar políticas públicas para atender a essas expectativas”, afirma a coordenadora da Educação Profissional da SEE-MG, Amanda Barboza. 

Rodrigo Alkmim, formado como técnico em Telecomunicações, obteve o título de bacharel em Jornalismo pelo Centro Universitário Funorte e está atualmente cursando Letras/Inglês na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Ele comenta que a pressão geralmente se intensifica na escolha da primeira graduação logo após a conclusão do ensino médio, devido às expectativas tanto pessoais quanto familiares. “O curso que faço agora é para me preparar para a possibilidade de trabalhar no exterior, onde a pessoa ganha por hora trabalhada e tem a noção do valor do seu serviço, ou trabalhar remotamente para uma empresa do exterior”, diz Rodrigo que avalia ainda a possibilidade de ministrar aula em inglês ou com tradução permanecendo no Brasil. 

Como organizador de um evento anual de cultura pop que atrai centenas de jovens, ele percebe uma mudança de cenário. Ele vê os cursos técnicos gratuitos como uma estratégia vantajosa, pois demandam menos tempo, permitindo ao estudante avaliar se está no caminho certo e preparando-o melhor para uma vida acadêmica, caso opte por cursar o ensino superior. “Quando você entra em uma roda de discussão com eles é possível perceber que muitos não tem um objetivo claro sobre tipo de graduação que pretendem cursar ou qual carreira almejam seguir. Mesmo entre pessoas de 25 a 30 anos é perceptível esse pensamento. É algo para se refletir sobre a questão de nossa educação e mesmo no mercado de trabalho”, finaliza. 

Mariele Rocha Gomes apostou em um curso técnico de saúde bucal. A meta é cursar a faculdade de odontologia, e com essa preparação ela entende que ficou mais perto do seu objetivo. “Tinha dúvida, mas hoje não tenho mais. Quero fazer a faculdade. No curso pude entender melhor do que se trata e tenho certeza que vou conseguir me formar “, afirma. 

Samuel Leal, 21 anos, teve a primeira oportunidade de emprego ao trabalhar na guarda mirim. No último ano do ensino médio deixou a guarda, porque decidiu que queria atuar na área de saúde. Começou trabalhando na recepção de um hospital e em pouco mais de um ano, em virtude do curso que fazia na área, migrou para a parte administrativa. “A graduação foi fundamental para o processo. Hoje eu não me vejo trabalhando em outro contexto. Para conhecer de maneira mais abrangente a rotina do hospital e ter um diferencial, também faço o curso técnico de enfermagem. E já penso em começar uma pós-graduação em gestão hospitalar”, conta.

Em uma análise sobre o cenário que conhece de perto, ele pontua que não basta o poder público dar a oportunidade e impor a escola como obrigação, vinculando oportunidades às boas notas. É preciso criar incentivos, especialmente para os alunos de escola pública e àqueles que vem de famílias desestruturadas e não recebem apoio em casa. “Promover, na prática, atividades que despertem o interesse dos jovens. As crianças têm crescido com a cultura de que a escola é o terror, o lugar mais chato que elas têm que ir. Creio que seria interessante trabalhar na mudança dessa mentalidade”, declara.

*Com informações da Agência Minas

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