Unidos pela escola de padre Henrique

Audiência pública tenta encontrar uma saída para manter unidade aberta após prefeitura suspender convênio

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
25/10/2018 às 06:01.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:25
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Moradores do bairro Carmelo buscam alternativas para dar continuidade à educação dos filhos, ameaçada desde que a Prefeitura de Montes Claros anunciou que não manteria mais o convênio com a instituição de ensino Apóstolo Santiago, fundada pelo padre Henrique Munaiz.

Desde o falecimento do pároco, em 2017, os pais e responsáveis iniciaram uma luta conjunta para sensibilizar o prefeito a manter o repasse anual de cerca de R$ 520 mil, existente desde 2003, que garante o estudo de aproximadamente cem crianças.

Os moradores receberam o apoio da vereadora Néia do Criança Feliz (PSDC), que promove hoje uma audiência pública para tentar encontrar uma solução para que a escola continue a funcionar.

“O objetivo desta escola, que não deixa de ser um legado do padre Henrique, é o de atender a uma demanda de crianças que necessitam da educação fundamental. O município já comunicou o fim do convênio por meio de ofício e as crianças não puderam renovar as matrículas. Então, nós decidimos convidar as autoridades competentes para buscar uma saída. As crianças não podem ser sacrificadas”, afirma a vereadora.

Néia acrescenta que no bairro há um Cemei que já deveria ter sido entregue e as poucas escolas existentes não comportam a demanda.

“O município tem que fazer a parte dele. Não podemos deixar estes alunos sem estudar ou colocá-los tão longe de suas casas”, pontua a parlamentar.
 
DISTÂNCIA
“Não quero nem pensar na possibilidade de a prefeitura acabar com essa escola. É perda total. A escola é muito boa, organizada e meus filhos têm um bom rendimento”, diz a dona de casa Edileuza Fernandes, que tem dois filhos matriculados na instituição.

Ela explica que, apesar de um dos filhos estar finalizando os estudos, vai continuar lutando pelas outras mães.

“Nosso bairro precisa dessa escola e não temos outra para suprir a necessidade. A situação é muito preocupante e eu vou participar da audiência pública”, enfatiza Edileuza, que ressalta que outros estabelecimentos de ensino estariam a mais de quatro quilômetros de distância da escola do padre Henrique.

A diretora do educandário, Suely Braz, entende que a audiência é um alento, pois a escola atende a necessidade não apenas do Carmelo, mas dos bairros adjacentes como Independência, Santa Lúcia e Vila Real e que é possível mostrar isso para os envolvidos no setor de educação do município.

Ao ser questionada se a situação poderia ser diferente caso o padre Henrique ainda estivesse vivo, Suely responde: “Não sei dizer, mas confio que lá de cima ele está olhando por nós”.

O secretário Municipal de Educação, Benedito Said, atribui a suspensão do convênio à exigência da lei. “É ilegal. Onde existir escola estadual ou municipal que tenha ensino fundamental, não pode existir o convênio. Este ano funcionou porque demos um jeito para funcionar, mas não pode continuar”, alegou o secretário.

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