Oferta de Espanhol deverá ser feita no horário regular

Jornal O Norte
22/08/2005 às 16:23.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:50

Káthira Cangussu


Repórter


kathira@onorte.net

O número de professores que lecionam a disciplina de Espanhol em escolas públicas e particulares aponta que o déficit de docentes para essa área chega a 19.800, sendo 13.254 para uma carga horária de 20 horas semanais e o restante para uma jornada de 40 horas.

Quando se leva em consideração a carga horária mínima, semelhante à média atribuída aos professores de língua estrangeira, cada um dos professores atenderia a oito turmas num regime de 20 horas semanais, ou 16 turmas em 40 horas, segundo a supervisora Roberta Alcântara Durães.

Após a lei 11.161, sancionada pelo presidente da República no início deste mês, tornando obrigatório o ensino da língua espanhola nas escolas de ensino médio, a oferta do ensino de espanhol deverá ser feita no horário regular de aula.

Na rede particular, o curso poderá ser oferecido em sala de aula ou centro de idiomas. As normas serão definidas pelos conselhos estaduais de educação.

MAIS DE UMA INSTITUIÇÃO

14% do total de professores dão aulas em duas ou mais instituições públicas ou particulares. A defasagem salarial pode ser um dos motivos que explicam essa superjornada semanal.

- Há muitos que fazem jornada dupla ou tripla. Para ter um bom salário, o professor é obrigado a fazer esse jogo de corre-corre - diz o professor de espanhol Gilmares Fonseca, que leciona em duas escolas.

Para o professor, essa defasagem só será resolvida quando houver ampliação da oferta de cursos e matrículas no ensino superior para a formação de professores de língua espanhola; um plano de capacitação e formação continuada de professores de língua espanhola, em exercício na rede pública de ensino; e a produção de material didático para o ensino de espanhol no ensino médio.

OS ALUNOS

A estudante Débora Teixeira de Freitas, 12 anos, estudante da rede particular de ensino, diz que muito antes da lei ser colocada em prática, a escola já tinha o espanhol como disciplina.

- Estudo na escola há três anos, e sempre tive espanhol. Acho que é de muita importância o ensino de outra língua, além do inglês. Existem universidades em que o aluno pode optar por espanhol. Eu até acho mais fácil para aprender.

A oferta de uma outra língua estrangeira não produz preocupações aos alunos. Mas desperta o interesse por aprender, desde que haja professores competentes.

- Os professores têm que estar capacitados. Não basta apenas que o professor siba falar e não saiba ensinar. A maior dificuldade é que não existem professores suficientes para trabalhar em todas as escolas - relata a estudante Priscilla Maia Alves, 15 anos.

ESPERANDO

A lei que obriga as escolas de ensino médio a oferecer a língua espanhola como disciplina optativa teve de esperar quase 50 anos para ser aprovada.

O primeiro projeto, que previa aulas de espanhol na rede de ensino do país nasceu no ano de 1958, mas foi rejeitado.

Desde então, a história da possibilidade de inclusão da língua espanhola no ensino brasileiro se repetiu: projetos de lei eram elaborados com a justificativa da importância da integração regional do Brasil com os demais países da América Latina, mas o congresso não os aprovava.

Os motivos que levaram os governos a rechaçar a idéia de introduzir o idioma no país variavam: problemas de logística para implementação da lei, escassez de recursos e, principalmente, as pressões de lobistas americanos, italianos e franceses que não queriam que a lei fosse aprovada.

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