Medida provisória criticada por estudantes

Jornal O Norte
27/09/2005 às 10:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Káthira Cangussú


Repórter


kathira@onorte.net

Divulgado na sexta-feira 23, a medida provisória que estabelece uma ajuda financeira de R$ 300 por mês aos bolsistas do ProUni - Programa universidade para todos. A bolsa é destinada para custear despesas de transporte, alimentação e material didático, uma vez que os alunos beneficiados pelo ProUni possuem baixa renda.

O novo benefício é chamado de programa Bolsa-permanência, e atenderá a universitários que estudam em regime de tempo integral. Inicialmente, o governo pretende atender 3.654 estudantes de baixa renda do curso de medicina.

A universitária Daniella Martins é bolsista do ProUni, mas não é estudante de medicina. Ela acredita que se esse benefício atingir a todos os estudantes muitos não precisariam trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

- Eu tenho que fazer faculdade no turno da noite, pois preciso trabalhar, já que minha família não possui condições para custear meu curso. Eu acredito que se esta bolsa atingir todos os cursos vai ser melhor para muita gente, pois se a gente trabalha e estuda quase não tem tempo para se dedicar aos estudos e tirar notas altas - afirma.

A bolsa de permanência é uma reivindicação dos universitários do ProUni que estudam em tempo integral e, por isso, não podem trabalhar para se manter. A dotação orçamentária do programa é de R$ 16,5 milhões para o próximo ano.




Alunos beneficiados pelo ProUni receberam ajuda financeira


(Foto: Adriano Madureira)

RENOVAÇÃO

As 1.142 instituições de ensino superior que aderiram ao ProUni em 2004 deverão renovar seus contratos com o MEC Neste ano.

O prazo de renovação, anteriormente anunciado para este mês, ainda não foi definido pelo ministério. No mesmo período, novas universidades poderão ingressar no programa.

A expectativa é de que a oferta chegue a 100 mil novas vagas. Em 2004, ano em que foi criado, o MEC ofereceu 112 mil bolsas sendo 72 mil integrais e 40 mil parciais de 50%.

Pelo regulamento do ProUni, o estudante que cursou o ensino médio em escola particular, ainda que com bolsa de estudos parcial, não poderá concorrer ao benefício, assegurando bolsas de estudo do ensino apenas aos alunos de escolas públicas ou bolsistas integrais da rede particular.

Luciano Fagundes Filho, 23 anos é estudante de Pedagogia, e sempre estudou em escola particular, mas sempre com bolsas de estudo e não acha que o governo está certo em fazer esta seleção.

- Não se pode dizer que pelo fato de que estudei em escola particular tenho condições. Como eu disse, sempre fui bolsista. E sei que esta ajuda de uma bolsa para não precisar trabalhar vai me ajudar bastante, pois vou me dedicar mais ao estudo. Quero fazer um aperfeiçoamento como um doutorado ou coisa parecida - fala o estudante.

A bolsa integral é dada a quem tem renda familiar per capita não superior a 1,5 salário mínimo e a parcial é voltada a quem a renda per capita não exceda três salários mínimos.

BAIXOS ÍNDICES

Segundo o IBGE – Instituto brasileiro de geografia e estatística o Brasil está entre as piores nações da América Latina em número de estudantes matriculados no ensino superior. Apenas 9% dos jovens de 18 a 24 anos de idade do país estão na faculdade. Enquanto que Chile e Argentina registram 27% e 39% respectivamente.

Se comparado com os países de primeiro mundo do continente americano, a diferença é ainda maior. O Canadá registra 62% de estudantes que chegam à universidade e os Estados Unidos têm 80%.

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