Liberdade para os filhos decidirem o amanhã

Jornal O Norte
25/08/2005 às 16:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:50

 

Káthira Cangussu

Repórter

kathira@onorte.net

 

Muitos dos estudantes que neste ano estão acabando o segundo grau, ou que vão tentar o vestibular pela primeira vez, têm medo de escolher um curso criado recentemente, pois pode levá-los a desperdiçar boas chances de encontrar o caminho profissional satisfatório.





Especialistas afirmam que ainda há muito preconceito em torno de novos cursos e que, o ideal, é conhecer bem a área de trabalho proporcionada pelas diferentes formações e faculdades.





- Os jovens, muitas vezes, não se aproximam dos cursos novos por falta de informação, alguns não se aproximam do curso porque nem conhecem, porque têm medo do mercado de trabalho ou porque eles ainda não têm o mesmo status que as profissões tradicionais - afirma Regina Sônia Fernandes do Nascimento, supervisora de orientação vocacional.





A professora Maria Beatriz de Lourenzo destaca que os dois tipos de curso têm suas vantagens. Segundo ela, nas vocações tradicionais as pessoas se sentem mais seguras. Nas novas, os estudantes teriam uma abertura muito grande de possibilidades. São cursos que estão sendo observados para darem certo.




- A participação do aluno é muito importante, porque é ele quem vai construir a imagem da profissão. O jovem está mais preocupado com a chance de ter emprego. Isso atrapalha. A melhor escolha de carreira é a de que ele goste.




BUSCANDO O MELHOR




Em busca de um modelo, os jovens na fase da escolha profissional têm o costume de seguir, muitas vezes inconscientemente os passos dos pais, ou de pessoas que consideram bem-sucedidas. Mas a psicopedagoga, Maria Beatriz adverte aos pais que muitas vezes tratam de influenciar os filhos a seguirem carreira familiar ou a serem no futuro o que eles são profissionalmente.




-Ter exemplos é bom, só que é preciso neutralizar as influências para fazer a escolha com liberdade. Na hora de o filho decidir, é preciso que ele fique livre das pressões e observe os próprios interesses e aptidões.





É comum dizer aos estudantes que primeiro é necessário que eles se vejam a si próprios, se conheçam, para depois se identificarem com a profissão. Hoje, as pessoas vão construindo um papel profissional. É importante não ter ansiedade.





PRESSÃO FAMILIAR





A influência dos pais é muito severa. O jovem tem que ficar atento para realizar o próprio sonho e não o


desejo dos pais. Para a professora, existem três tipos de pais: os que dão palpites demais e acabam atrapalhando na hora da escolha; os omissos, que também não ajudam; e os que fazem a escuta inteligente - que seria a postura ideal quando o pai dá atenção, se mostra interessado, mas não aponta a carreira a seguir.





- Os pais sempre querem ajudar, mas começam a idealizar o caminho dos filhos. Na hora de o filho escolher a carreira, os pais não devem instigar, investigar. O certo é ouvir. De preferência sem verbalizar muita coisa. Dar atenção é diferente de dar palpite - afirma.





Antonio Carlos Amador Pereira é psicólogo infanto-juvenil. Ele ressalta a importância do diálogo na família.




- O desejável é que a família troque muitas idéias. O jovem precisa ter um interlocutor, até porque ele tem a expectativa de que as pessoas se importem com ele.





Os pais de Bruna Fernandes, 18, procuram não definir o caminho que a filha deve seguir, mas já demonstraram suas preferências.




- Estou em dúvida entre Direito, Ciências Biomédicas e Turismo. As duas primeiras eles não criticam, mas quanto ao vestibular de Turismo eles não gostariam que eu prestasse - diz.





A estudante conta que a mãe gostaria que ela fizesse arquitetura, porque sempre se encantou com a profissão.




- Mas, para mim, esse curso mexe com exatas mais do que pretendo estudar.





PÉ NA REALIDADE





A questão financeira e a dependência dos pais também podem pesar no processo de decisão da carreira.




- O pai sabe que, para o filho estudar vai ter de sustentar a escolha. São cinco ou seis anos em que o adolescente precisa contar com o pai - diz o psicólogo.





- Os pais estão perdidos porque não há garantias de que a profissão vai assegurar um lugar de trabalho. E o investimento no estudo está cada vez mais caro - afirma.





Para a supervisora de orientação vocacional, Regina Sônia Fernandes do Nascimento é importante que o jovem tenha um pé na realidade.




O estudante, afirma, precisa saber como viabilizar o projeto a que se propõe, como atingir o local que deseja na carreira. Mas o vestibulando tem de saber que o seu projeto não é estático. Se ele mudar, se seus interesses se alterarem, muda o rumo do projeto. O importante é pensar na viabilidade e em como transpor as dificuldades.





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