Káthira Cangussu
Repórter
kathira@onorte.net
O analfabetismo está diminuindo no país. Os dados do IBGE - Instituto brasileiro de Geografia e Estatística mostram que o problema entre pessoas com mais de 15 anos no Brasil atingia 13,8% da população em 2004, mas caiu para 11,6% em 2005.
O Brasil Alfabetizado, programa do governo federal, que tem a missão de abolir o analfabetismo no país, encerra nesta quarta-feira 31, o prazo para o envio dos relatórios ao MEC - ministério da Educação dos alunos já cadastrados e professores que irão lecionar aulas para as turmas deste ano.
A dona de casa, Vera Lúcia Albuquerque, 52 anos, começou os estudos no ano passado e diz estar muito satisfeita com o projeto.
- Eu não sabia ler nem escrever meu próprio nome. Agora eu sei todo o alfabeto. Posso sair na rua e pegar o ônibus, sozinha. Não preciso mais pedir ninguém para ler para mim. Estou muito feliz. Se mais pessoas tivessem o incentivo que tive, sei que o Brasil não seria um país ainda de tanto analfabetos - diz ela.
O carpinteiro José Pimenta dos Reis, 46 anos, só aprendeu a ler aos 40. Hoje pode usar o aprendizado na sua profissão.
- Eu precisava sempre ter alguém por perto. Não sabia fazer contas, nem ler medidas. Eu apenas confeccionava as peças. Hoje posso fazer as somas das medidas, anotar endereços e outras coisas mais.
OBJETIVO
O objetivo do programa é alfabetizar 2,2 milhões de pessoas. Segundo dados da assessoria do MEC, já estão cadastrados cerca de um 1,4 milhão de jovens e adultos. O número maior de inscritos está na região sul do país, onde já somam 102.406 pessoas. Na região Norte, 88 mil.
A cidade com maior demanda na região é Montes Claros, que tem 306 mil habitantes e deverá alfabetizar 2.496 pessoas em 2006.
Para a professora Paolla Maria de Jesus, 47 anos, o analfabetismo não é apenas um problema a ser resolvido pelo governo, mas por toda a sociedade.
- O Brasil precisa cada vez mais de pessoas que realmente incentivem a educação. Não é preciso deixar apenas que o governo resolva tudo. Cada vez mais, a exigência da alfabetização se faz necessária, mas jamais suficiente para atender a todas as práticas e usos sociais. É preciso divulgar, ir atrás dos analfabetos - fala a professora.
Alfabetizar todos os brasileiros é, sem dúvida, um dever do estado para com os cidadãos privados do direito de saber, ler e escrever. Mas é só o começo desse direito, constituído em nível de ensino fundamental - diz o professor Milton Junqueira Yashimith, que vem trabalhando com o projeto nos últimos dois anos em Montes Claros.
O ESTUDO
O professor Milton Junqueira ainda fala sobre a sociedade que cada vez mais necessita de pessoas alfabetizadas, seja para saber ler e escrever, ou até mesmo para fazer uma boa escolha política.
- Uma sociedade e um país que desejam, para concretizar suas escolhas políticas, outros níveis de escolarização e de qualidade de vida, o desafio está posto e urge enfrentá-lo, mas é importante estar consciente de que este é somente o primeiro passo, de muitos que precisarão ser dados, até que se possa não apenas alcançar a igualdade de direitos, ma também as prioridades nas políticas educacionais, de modo a fazer valer, na prática, para todos, um direito que até então só tem sido letra na lei.
PARCEIROS
O programa tem 1.021 parceiros, entre prefeituras e secretarias estaduais. Hoje são 999 prefeituras e 22 secretarias em todo o país. Desse modo, fica garantido o repasse da primeira parcela ainda em setembro. Os alfabetizadores receberão o piso da bolsa-auxílio um salário de R$ 120, acrescido de R$ 7 por aluno.
O ministério está cumprindo a meta de repassar 68% dos recursos do programa para os estados e municípios. O restante será distribuído para Ongs e universidades continuarem o trabalho de alfabetização.
Qualquer pessoa com 15 anos ou mais que ainda não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever pode procurar pelo projeto. O Brasil Alfabetizado quer que toda a sociedade contribua nessa luta contra o analfabetismo, inclusive, para que o programa possa ser extinto.