Evasão escolar tem aumento alarmante em Montes Claros

Constatação do Censo Escolar de 2018 de que abandono das salas de aula ocorre em todo o Estado leva SEE a lançar campanha para resgatar estudantes junto às famílias

Christine Antonini
24/07/2019 às 06:08.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:40
 (CRISTIANO COUTO/ARQUIVO HOJE EM DIA)

(CRISTIANO COUTO/ARQUIVO HOJE EM DIA)

A evasão escolar tem avançado de forma preocupante em Montes Claros nos últimos anos. Dados da Secretaria de Estado da Educação (SEE), apurados no Censo Escolar de 2018, apontam que, no ensino médio, por exemplo, o índice de abandono escolar no município chegou a 7,4% no ano passado, contra 5,7% em 2017. No ensino fundamental, houve evasão de 1,7% dos estudantes de Montes Claros em 2018 e de 1,5% em 2017.

Com base nessas informações do Censo Escolar de 2018, que revelaram a fuga de 82 mil estudantes da rede estadual de ensino no ano passado – cerca de 75% deles do ensino médio – a SES iniciou uma campanha de mobilização para reverter a evasão escolar. A campanha busca resgatar os estudantes que estão matriculados neste ano, mas que sinalizam infrequência.

O último levantamento do Sistema de Monitoramento dos Planos de Educação aponta que, em Montes Claros, quase 6 mil jovens de 15 a 17 anos estão longe do ensino médio – 2.782 adolescentes nem chegaram a ser matriculados nessa etapa do ensino e outros 2.902, por diversos motivos, ainda seguem no ensino fundamental.

De acordo com a socióloga, historiadora e pedagoga Carla Patrícia Melo, são vários os motivos que causam a evasão escolar, mas alguns são predominantes.

“Geralmente, os principais motivos para o abandono escolar são o envolvimento com drogas, gestação precoce e a questão financeira. É um problema real, sem perspectiva e que afeta a sociedade. O jovem chega à maioridade sem projeção de carreira, o que se torna cada vez mais um problema social”, enfatiza a especialista.

Daniel Mendes, de 23 anos, escolheu trabalhar em vez de estudar. Ele deixou as salas de aula na metade do terceiro ano do ensino médio para trabalhar como servente de pedreiro.

“Estava precisando de dinheiro para comprar minhas coisas e não dava para conciliar os dois, por isso, optei por deixar de estudar para trabalhar”, conta Daniel, que atualmente está desempregado.
 
BUSCA DE ALUNOS
A campanha de busca ativa dos alunos infrequentes visa procurar os que deixaram as escolas e conversar com os responsáveis legais. Caso esse jovem não retorne às aulas, o Conselho Tutelar será acionado.

A SEE pondera que para o sucesso da ação é fundamental que os professores façam cotidianamente o lançamento de frequência dos estudantes. Segundo a SEE, a partir desse lançamento da frequência pelos educadores da rede estadual de ensino no primeiro bimestre, foi observado que havia estudantes matriculados que não tinham frequência constante às salas aulas.

“Nossa expectativa é que esses estudantes retornem para as escolas e nossos diretores e professores passem a acompanhar de forma mais tempestiva a frequência deles. Também vamos nos organizar para que seja feita a intervenção necessária para que eles possam recuperar o mesmo nível de ensino dos colegas. Temos que ter o cuidado de trazer o estudante de volta e também de pensar no processo de aprendizagem”, ressalta a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Geniana Guimarães.

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