Com preço do abadá mais acessível, prefeitura e realizadores esperam recorde de público no Carnamontes

Jornal O Norte
15/08/2005 às 16:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:50




Luís Alberto Caldeira

Repórter


luis@onorte.net




- Estamos profissionalizando o Carnamontes, para que ele cresça.




A fala é do secretário municipal de Indústria, Comércio e Turismo, Adauto Marques, ao afirmar que a prefeitura está repassando a maior parte do processo de realização da micareta de Montes Claros para as empresas particulares vencedoras da licitação de exploração do evento, que acontece nos dias 09, 10 e 11 de setembro deste ano, com uma novidade: o abadá – camiseta-convite que dá acesso ao cordão de isolamento do bloco – vendido a R$ 60 e camarotes a R$ 400, valores mais baixos do que nas edições anteriores.




- Nós estamos conseguindo socializar o Carnamontes 2005 - diz o secretário.




A estimativa da prefeitura é de que 60 mil pessoas passem pela Praça dos (extintos) Jatobás durante a festa. Já os realizadores esperam esgotar todos os 4.500 abadás colocados à venda desde o início deste mês, 1.000 a mais que no ano passado.




PARCELAS




O empresário Vinícius Versiani de Paula, proprietário da Star Promoções, que venceu a licitação em consórcio com a DM Promoções e Onda Promoções, afirma que, neste ano, o processo transcorreu de forma mais transparente, o que fez agregar menos custos aos empreendedores, facilitando que o abadá pudesse ter o preço reduzido, mas lembra que a opção por 60 reais ocorreu também, em parte, ao curto período de tempo para a venda das camisetas, pouco mais de um mês entre o resultado da licitação, no dia 27 de julho, e a data do evento, no início do mês de setembro, impedindo que os foliões dividissem o valor do abadá.




– Com as pessoas pagando as parcelas ao longo do ano, é possível agregar mais valor ao preço do abadá, como acontecia antes. Como não tivemos prazo para esse parcelamento, nós optamos por um preço menor, até para que o evento continue acontecendo - explica.




Vinícius considera o valor cobrado para fazer parte do bloco Bole-Bole – o único a desfilar neste ano na avenida – um bom preço.




– Montes Claros nunca vendeu mais de 3.500 abadás. Todas as micaretas em outras cidades, como em Alfenas e Valadares, saem com 6 mil, 7 mil foliões, e aqui nunca chegou a esse número. Acredito que o fator limitador era o preço - observa.

 




Foliões desfilam na avenida durante o Carnamontes 2000


(Foto: arquivo)






LICITAÇÃO






Segundo explica Adauto Marques, o problema com a licitação deste ano ocorreu em virtude de uma interpelação sofrida pela atual administração, o que acabou dificultando a contratação de bandas de grande projeção nacional para o evento.




– O ideal para se realizar o Carnamontes é fazer a licitação com um ano de antecedência, por causa da agenda das bandas. Como nós assumimos em janeiro e iniciamos o processo licitatório no mês de fevereiro, fomos obrigados, até mesmo pelo pouco tempo que tínhamos, a fazer uma modalidade de carta-convite. Nesse emaranhado, algumas bandas acabaram fechando suas agendas - justifica.




Para o ano de 2006, o secretário adianta que a licitação já está sendo trabalhada.




– Não vamos mais ter esse problema - garante.




CHICLETE COM BANANA




O empresário Vinícius Versiani lembra que várias bandas foram sondadas pela Star Promoções, mas, com o decorrer do tempo e a licitação não sendo resultada, os grupos foram agendando outros compromissos, em virtude da concorrida data próxima ao feriado de 7 de setembro.




– Este foi o motivo pelo qual nós antecipamos e fizemos o show com o Chiclete com Banana no dia 10 de junho, logo ao termos notícia de que a banda não mais poderia vir ao Carnamontes. O Chiclete havia agenda disponível há cinco meses, mas não sabíamos quem seria o vencedor da licitação e bandas assim requerem muito prazo - explica.




Ele reconhece que faltou uma banda de expressão nacional para emprestar seu nome ao evento, mas que, em questão de trio, o Carnamontes 2005 contratou as melhores puxadas.




– Temos o Jammil, que hoje é considerado o Asa de Águia de Minas Gerais; o grupo Rapazolla, que vem despontando; o Beto Jamaica, que teve uma boa repercussão no carnaval de Salinas; o Vira & Mexe, que é uma novidade de Belo Horizonte; o Araketu, que tem aquela balada romântica do axé que todo mundo gosta; e o Abadaba, com uma levada percursiva - descreve.




DUAS POR NOITE




Outra novidade na micareta de Moc deste ano é a presença de duas bandas por noite, cada uma em um trio elétrico, dando duas voltas na Avenida José Corrêa Machado, à altura do bairro Ibituruna até a Praça dos (extintos) Jatobás.






DIVERGÊNCIA ENTRE OS FOLIÕES




A acadêmica Ana Carolina Brandão, 19 anos, havia acabado de comprar o abadá para o bloco Bole-Bole e, neste ano, irá pela quinta vez consecutiva ao Carnamontes. Ela conta que, apesar de esperar um público menos selecionado, reconhece que o valor pode fazer com que o evento atraia mais pessoas.




– Eu preferia um abadá mais caro, porque acho que selecionaria mais. Um preço interessante seria 100 reais. Mas 60 reais dá oportunidade para outras pessoas que não têm condições, e que talvez nunca tenham ido, pagarem. É até melhor também para o pessoal que vem de fora, porque pagar o abadá, hospedagem e transporte fica muito caro, e agora é possível vir mais gente -  - diz a estudante.




Já o professor de Educação Física e produtor Rock Araújo Miranda, 24 anos, é mais impassível e afirma que o valor é muito baixo proporcionalmente ao tamanho do evento, temendo que a festa não ofereça segurança.




– Não pode uma micareta desse porte ficar tão ruim assim. Eu não vou. Eu e mais uma galera grande. Acho que o Carnamontes está caindo de nível. Fica inseguro até para ir com minha namorada - diz.

 




Vinícius Versiani diz que venda de abadás está normal,


mesmo a R$ 60,00 (Foto: Luís Alberto Caldeira)






FATOR SELETIVO






Para Vinícius, da Star Promoções, o preço de R$ 60 já é um valor que seleciona o público, mas defende outros fatores.




– As empresas realizadores, a Star Promoções e DM Promoções, já realizam grandes eventos, têm know how e atuam há muitos anos no mercado - diz.




E questiona:




– Quem tem hoje 60 reais à vista? É uma dificuldade até que estamos tendo. As vendas estão muito boas, mas as pessoas estão pedindo para parcelar. É um preço barato, mas, à vista, nem todo mundo tem essa condição de desembolsar. Às vezes é difícil encontrar uma fórmula que agrade. Quando é 100 está caro, quando é 60 está barato. O que eu vejo é que as vendas fluem normalmente - diz.




MICAREITEIROS




Para Ana Cláudia Tolentino, 20 anos, que se considera uma micareteira de carteirinha, já presente em eventos semelhantes nas cidades de Governador Valadares, Sete Lagoas, Recife e no carnaval de Salvador, cabe ao policiamento ser eficaz, e acredita que quem não for, vai se arrepender.




– O Carnamontes 2005 promete muito. Nem tudo que tem qualidade precisa ser caro para ser bom. As bandas e os cantores contratados neste ano são artistas micareteiros, que sabem animar o público e, com certeza, vão fazer todo mundo tirar o pé do chão - diz, empolgada.




O acadêmico Yuki Silveira, 18 anos, concorda que está barato o abadá, mas seu temor é outro.




– Tenho receio que o Carnamontes deste ano seja ruim pelas melhores bandas, Jammil e Rapazolla tocarem por pouco tempo, como aconteceu no ano passado com Ivete Sangalo no último dia - lembra.




Segundo explica Vinícius, o episódio lembrado pelo acadêmico foi um problema isolado que ocorreu em virtude de um vôo que a cantora faria de BH para um outro show no Sul do Brasil.




– Como Montes Claros não dispõe de um número maior de vôos, infelizmente ela teve que sair mais cedo. Por força maior, isso aconteceu - diz.





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