Alunas de Jornalismo da Funorte dão voz a ex-detentas em documentário sobre reinserção social

Adriana Queiroz
O NORTE
14/08/2020 às 07:53.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:17
 (SOLON QUEIROZ/DIVULGAÇÃO | ARQUIVO PESSOAL)

(SOLON QUEIROZ/DIVULGAÇÃO | ARQUIVO PESSOAL)

Elas estiveram atrás das grades. Muitas delas sequer receberam visita neste período. O cotidiano, completamente dominado pela solidão, longe dos filhos, abandonadas pelos companheiros e, às vezes, pelos familiares e pessoas próximas, aumentava a dor e a vergonha. A tão sonhada volta à sociedade, muitas vezes, acabava se transformado em pesadelo. Nessa hora, uma mão estendida, que possa ajudar na ressocialização e, consequentemente, na reinserção ao convívio social, é fundamental para quem não quer mais viver sem liberdade. 

A retomada da vida fora das grades se tornou o tema do trabalho de conclusão de curso das alunas de Jornalismo da Funorte, Alice Veloso, de 22 anos, e Anna Narciso, de 23. Além da parte teórica, elas vão produzir um documentário, produto final, que contará as histórias dessas muitas mulheres, mas também vai propor uma reflexão social, através de questionamentos sobre a vida após o cumprimento da pena. 

Dentre as muitas perguntas estão: cumprir a pena desvincula as pessoas dessa realidade? Como são seus relacionamentos interpessoais, o mercado de trabalho e os desafios após a penitenciária? Como ex-detentas são vistas e recebidas pela sociedade?

Anna diz que optar pelo curso de Jornalismo foi uma excelente escolha. Acredita que a profissão é um meio de entender a sociedade, as classes, enxergar as pessoas. “Não é em vão a função social dessa profissão. Ao longo do tempo, nós temos visto a necessidade de dar voz às pessoas, inserir o povo na comunicação. O jornalista é um contador de histórias reais. A gente cria uma narrativa, dá sentido e tenta trazer o público à reflexão. A nossa pesquisa é exatamente sobre isso. Escolhemos o tema ‘Ressocialização de mulheres ex-detentas: como são vistas e recebidas em Montes Claros’ para dar voz a elas”, conta.
 
ENTREVISTAS
Ao longo do projeto, ela e a colega Alice entrevistam mulheres que passaram por um presídio, além de conversar com uma advogada criminalista e uma assistente social. “Unimos pautas que acreditamos e nossas perspectivas, para construir o projeto”, diz Anna. 

Para Alice Veloso, o principal foco do documentário é mostrar relatos sobre a vida das mulheres pós-período no presídio. “São muitas as mulheres que se arrependem do que fizeram, e muitas não têm a oportunidade de trabalho. Elas são abandonadas pelos maridos e familiares e encontram dificuldades para se reerguer, se ressocializar. Vamos dar voz a essas mulheres”, afirma.

Prestes a se formar, Alice diz que o curso de Jornalismo foi uma das decisões mais importantes que tomou na vida, pois permitiu a ela ter uma nova visão do cotidiano e, com o passar dos anos, se tornou uma pessoa completamente diferente da que entrou. 

“O curso de Jornalismo tem esse poder de fazer você questionar muitas coisas, ficar mais crítico em relação aos assuntos da sociedade, enxergar os vários lados de uma história e, principalmente, dá a oportunidade de mudar a vida de alguém. A faculdade contribuiu muito na minha formação como profissional. Estagiei durante dois anos na assessoria de comunicação da instituição e também no Jornal O NORTE, que foram essenciais para que eu me enxergasse como profissional de comunicação social”, revela.
 
TEMA RELEVANTE 
Para o professor e coordenador do curso, Elpídio Rodrigues da Rocha Neto, o TCC das acadêmicas Anna Narciso e Maria Alice Veloso aborda um tema de grande relevância social e vai oferecer uma visão mais abrangente sobre o cotidiano de ex-detentas e suas trajetórias para superar preconceitos durante a ressocialização.

“É um assunto atual e importante para discutir a posição da mulher na sociedade brasileira. É importante destacar que o TCC de Jornalismo também busca a integração teórico-prática, com a elaboração de um artigo científico associado à construção de um produto jornalístico. No caso da dupla, um documentário sobre a ressocialização de ex-detentas”, diz.

Curso estimula visão crítica
Para o coordenador do curso de Jornalismo da Funorte, Elpídio Rodrigues da Rocha Neto, a proposta do curso de Jornalismo da Funorte é estabelecer uma sintonia entre teoria e prática para oferecer aos acadêmicos conhecimentos diversificados sobre a sociedade, pensamento crítico atualizado e domínio técnico das práticas jornalísticas.

Ainda de acordo com ele, o diferencial do curso é o equilíbrio entre as discussões teóricas e as práticas laboratoriais para promover uma formação mais completa e consistente do graduado. Para quem sonha em contar histórias profissionalmente tanto nas páginas de jornais e revistas, quanto através das ondas do rádio ou pela TV, estudos mostram que o campo de atuação do profissional da comunicação vai além e passa pelo desenvolvimento de pesquisas acadêmicas e profissionais sobre a comunicação social; assessorar empresas, pessoas, entidades e instituições no relacionamento com a mídia e a sociedade; empreender em sua própria empresa de notícias e de análises críticas sobre os fatos em diversas plataformas digitais e, ainda, trabalhar em áreas complementares como literatura, cinema, seriados, histórias em quadrinhos, teatro, dentre outros. O mercado é amplo, diversificado e está em constante transformação.
 
ORIENTAÇÃO
O TCC das alunas é acompanhado pela professora do curso de Jornalismo Ana Carolina Barbosa Rametta. Para a orientadora, esse trabalho vai dar voz a pessoas que são esquecidas ao retornarem à sociedade. Ela acredita que o documentário mostrará o processo de ressocia-lização e, principalmente, como são recebidas no mercado de trabalho. 

“A ideia é ver como funciona todo esse processo, fazer com que a sociedade enxergue tudo isso. Que esse trabalho sirva como instrumento de visibilidade para essas mulheres”, diz

SERVIÇO
Para quem se interessou pelo curso, fique ligado! Para ingressar em Jornalismo, basta fazer o vestibular on-line, que pode ser acessado em www.funorte.edu.br/jornalismo-ead ou utilizar a a nota do Enem.

A Funorte tem parceria com o Banco do Nordeste para o Novo Fies, que está mais acessível. E para quem quer realizar o sonho de uma nova profissão, a Funorte oferece a possibilidade de descontos nas mensalidades, que variam de 30% a 70%, para as novas modalidades.

Informações: (38) 9828-8549; (38) 2101-9292 ou 98826-8821 e (38) 9828-8549.

As aulas para os calouros estão previstas para iniciarem no dia 17/8. (A.Q.)



 

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