Decreto que proíbe doces na porta de escolas é suspenso

Governo entende que é preciso realizar estudos complementares sobre o assunto

Leo Queiroz*
26/06/2019 às 08:17.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:16
 (LEO QUEIROZ)

(LEO QUEIROZ)

O decreto estadual que proibia a comercialização de frituras, refrigerantes, doces e balas nas cantinas e na porta das escolas públicas e privadas de Minas Gerais durou apenas um dia. A regra começou a valer na última segunda-feira (24), mas foi suspensa ontem pelo governador Romeu Zema (Novo).

O líder do Executivo retirou o decreto nº 47.557 da vigência pelo tempo de 240 dias, por entender que o assunto em questão merece uma análise mais criteriosa por parte dos técnicos do Estado, já que envolve aspectos econômicos, sociais e de saúde.

De acordo com o Estado, o decreto deixou de especificar o que não são alimentos saudáveis, cabendo interpretações subjetivas. O governo afirma ainda que já fornece alimentação dentro dos padrões nutricionais estabelecidos para as escolas da rede estadual. E que no âmbito das particulares, “é facultada às famílias a liberdade da educação alimentar”.

A decisão do governador chega como um alívio para os ambulantes, que têm na venda das guloseimas na porta das escolas o sustento da família. Esse, inclusive, foi um dos argumentos utilizados por Zema para suspensão do decreto.

O vendedor Sidney Ferreira, de 55 anos, está no ramo há mais de três décadas. Ele conta que o sustento da casa passa pelas vendas no dia a dia. “Ouvi uma conversa por alto sobre esse decreto, mas acho errado, pois está retirando nossos direitos. O sustento da minha casa é somente este aqui”, disse, comemorando a suspensão temporária.

Jackson Roberto, pai de aluna de 6 anos, acredita que o caminho é orientação e controle, não proibição. “Não sou contra a venda de doces na porta da escola. Eu até deixo minha filha comprar, porém controlo a quantidade no dia a dia porque entendo que tudo em excesso faz mal. E também é o meio de sustento dessas pessoas que estão há tanto tempo aqui na porta da escola trabalhando”, ressalta.

De acordo com a diretora do Ímpar Escola de Criança, Fernanda Tavares, independentemente da questão legal, a escola já desenvolve um trabalho de alimentação saudável com as crianças por meio da inclusão de frutas na merenda e até plantio de uma horta.

“Entendemos que essa reorganização é imprescindível para uma alimentação saudável. Inclusive já trabalhamos este tema na escola e temos o apoio do curso de Nutrição da Funorte e da Fasi”, afirma Fernanda.

Segundo ela, a cantina já se adaptou para trocar o refrigerante por sucos naturais e comidas mais saudáveis. Responsável pelo espaço, Rose Macedo afirma que as crianças assimilaram bem as mudanças.

“Desde o ano passado já não vendemos doces, balas e chicletes para as crianças. Pensei que elas fossem sentir falta do refrigerante, mas todas gostaram do suco natural e aceitaram muito bem as mudanças. Também não trabalhamos com frituras, o misto-quente não leva presunto e as pizzas são de frango, carne e servimos também bolo de cenoura”, enumerou.
*Colaborou Gian Marlon

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