Pais devem ensinar sobre educação financeira através de exemplos, aconselha especialista (FREEPIK)
Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 45,8% dos entrevistados não realizam um controle sistemático de seu orçamento, sendo que 29,3% o fazem apenas “de cabeça”, recorrendo a um método pouco confiável para organizar suas finanças. O levantamento também revelou que menos da metade (48,1%) dos entrevistados considera-se organizada financeiramente. Considerando uma escala de um a dez, a nota média atribuída ao próprio nível de educação financeira foi de apenas 6,3.
Em um mundo cada vez mais complexo e voltado para o consumo, a educação financeira tornou-se uma habilidade essencial, não apenas para adultos, mas também para crianças e jovens. Ensinar desde cedo os princípios de gerenciamento de dinheiro e investimento são fundamentais para garantir um futuro financeiramente sólido e um adulto centrado economicamente. Nesta matéria, exploraremos a importância da educação financeira para as novas gerações. Para isto, a professora de economia Paula Caires, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e participante do Projeto de Extensão Finanças na Ponta do Lápis, explica que “educação financeira são decisões financeiras responsáveis que preparam a pessoa para o futuro”.
Segundo a professora, a falta de conhecimento sobre as próprias finanças, pode ser um problema crônico. “Quando a gente fala de problemas de saúde e se não cuidar vai ter um problema lá na frente. O corpo não vai aguentar. Da mesma forma com o dinheiro. A pessoa que não tem noção dos seus gastos, das suas receitas, não faz uma planilha, não se organiza, não planeja imprevistos, não tem uma reserva e não planeja o futuro, a gente percebe que isso vai dar ruim lá na frente. E isso adoece fisicamente a pessoa, acaba com relacionamentos, acaba com a família, então o problema financeiro, podemos enxergar como um problema de saúde, se não cuidar vai dar ruim e isso reverbera no social, no contorno da vida da pessoa, então é muito ruim esse descontrole”, destaca.
Para a economista, as crianças e os adolescentes podem aprender a lidar com o dinheiro desde bem pequenos para evitar esse descontrole observado na maioria dos adultos. “Essa tomada financeira responsável pode ser ensinada com crianças ainda bem pequenas. Mesmo a criança não tendo acesso ao dinheiro, ela pode ter responsabilidade em relação ao custo das coisas e se usar de maneira errada vai ter menos recursos pra comprar outras coisas pra ela mesmo”, ensina.
A professora explica que o poder do exemplo é importante. “As crianças aprendem muito mais com os exemplos do que com as palavras. As comidas e o desperdício de alimentos é um bom exemplo. Leve a criança pra fazer a feira e mostre que o orçamento é tanto e podemos comprar só o que está no orçamento. Em casa, explique que não pode desperdiçar, pois, deixamos de comprar outra coisa pra comprar isso e ela está jogando dinheiro fora.” Para Paula é importante ressaltar que a criança deve aprender que o orçamento é limitado e quando se compra alguma coisa se faz escolhas.
“E depois quando estiveram um pouco maiores, é importante dar uma mesada, porque dando a mesada se ensina conversando sobre o orçamento que ele tem, sobre responsabilidade financeira com aquele dinheiro e aí ele aprende a economizar, a gastar, e talvez poupar parte deste dinheiro”, diz a economista.
Para que o assunto educação financeira não se torne pesado para a criança e adolescente, a professora aconselha sempre a associar a um sonho. “Tem sempre que estar associado a uma meta boa. Porque, se associar a responsabilidade financeira como poupar ou fazer sacrifício, vai sempre ser alguma coisa difícil para os mais jovens. Mas se associar a um sonho, como conhecer a Disney, por exemplo, a materializa-ção desse sonho algum dia, o sacrifício não é tão ruim”, aconselha.
Para a empresária Vanessa Andrade, mãe de três filhos (um, cinco e 11 anos), a educação financeira já é rotina em casa. “Ensino para elas o valor do dinheiro e como economizar para que eles possam comprar aquilo que eles desejam”.
“Dentro de casa ensino eles através, de brincadeiras, de forma lúdica, brincando de vendinha, pois, como tenho comércio, ensino eles a precificarem, diferenciar valores de notas, a questão de troco e de negociação. Levo eles pra loja, e eles levam bolinhos pra vender para as clientes. Assim ensino eles a empreenderem e o valor do dinheiro”, diz satisfeita.