
A Secretaria Municipal de Aceleração Econômica divulgou, na última quinta-feira (14), levantamento que mostra o perfil do mercado de trabalho em Montes Claros: dos 434.321 habitantes, 29,27% estão em atividade laboral. O município tem 47.894 empresas ativas, em sua maioria micro e pequenas (95,36%), com destaque para os MEIs (58,44%). Entre janeiro e maio de 2025, foram registrados 97.329 vínculos formais, principalmente em telemarketing, vendas no varejo e assistência administrativa.
Glenn Andrade, secretário de Aceleração Econômica, avaliou positivamente os números do estudo, destacando que o índice de trabalhadores formais está acima da média nacional. “Esse número é excelente, afinal, estamos acima da média nacional. Na verdade, temos 125 mil pessoas ocupadas no mercado de trabalho em Montes Claros. Quando descontamos aposentados, crianças, adolescentes e inativos, a diferença é altamente produtiva”, afirmou.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Montes Claros e Região não celebra a avaliação positiva apresentada pela prefeitura. Para o assessor sindical da instituição, Marcelo Braga, apesar do baixo desemprego, grande parte da população de Montes Claros trabalha na informalidade, seja por aplicativos como Uber ou como microempreendedores individuais (MEIs), refletindo uma tendência nacional. “Não estamos satisfeitos. Nosso objetivo é ver cada vez mais pessoas empregadas formalmente. Esse índice ainda é baixo, principalmente no comércio. Percebemos uma fuga da mão de obra. Queremos ampliar a empregabilidade e garantir mais segurança ao trabalhador”, destacou Braga.
Segundo Braga, esse cenário gera insegurança ao trabalhador. “Do ponto de vista da segurança, isso é ruim, porque muitas pessoas vão para a informalidade sem orientação. Não se preocupam com previdência, seguro de vida ou plano de saúde. Muitas vezes a renda parece maior, mas a falta de proteção social pode trazer sérios problemas no futuro. É importante entender que quem empreende em um aplicativo ou como MEI também é trabalhador e precisa de proteção, que muitas vezes não tem”, explicou.
O sindicalista também criticou a concentração de empregos em setores como telemarketing, comércio varejista e serviços administrativos. “Esses postos de trabalho geralmente não têm evolução salarial. Muitas pessoas já tentaram empreender ou buscar uma ocupação melhor, mas acabam nesses empregos porque há uma garantia mínima. No caso do telemarketing, a média de permanência é de seis meses, e muitos trabalhadores saem com problemas psicossomáticos, como ansiedade e estresse. Infelizmente, os empregadores não buscam valorizá-los, mantendo salários baixos”, destacou.
Conforme Andrade, a prefeitura planeja diversificar as atividades econômicas e reduzir a concentração em setores como telemarketing e comércio varejista. “Estamos apoiando os investimentos industriais, comerciais e de serviços, além de fortalecer a capacitação de mão de obra nos setores de serviços e indústria por meio de parcerias com o município. Também buscamos atrair novos investimentos para a cidade e apoiar a implantação da lei de inovação tecnológica”, destacou.