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Quinta-Feira,21 de Novembro
Apesar dos pesares

Setor de serviços lidera empregabilidade em Montes Claros

Larissa Durães*
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 05/11/2024 às 19:00.

Ana Alice, cantineira e freelancer, vê potencial em Montes Claros para empregos, mas defende mais oportunidades para todos (Giuseppe Colombo)

A nova pesquisa do Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OBTNM), vinculado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), revela um cenário positivo para o emprego na cidade. Em setembro, Montes Claros registrou 386 novas vagas, elevando o total de empregos formais para 96.538. Nos últimos 12 meses, de outubro de 2023 a setembro de 2024, a cidade experimentou um aumento expressivo de 4.232 empregos, superando os números do mesmo período de 2023. O setor de serviços liderou essa expansão, com 136 novas vagas, seguido pela indústria, com 112, e pela construção, com 81. Em contraste, o setor agropecuário enfrentou uma leve queda de -12 empregos.

O professor e coordenador do OTNM, Roney Sindeaux, observa que o setor industrial apresenta sinais de recuperação, apesar das demissões em massa em algumas empresas. “A construção civil também está se recuperando, impulsionada por créditos e grandes obras urbanas. O setor de serviços, particularmente o teleatendimento, continua forte, especialmente com os investimentos que as empresas costumam realizar no final do ano”.

“A alta no número de empregos formais em Montes Claros é parte de um processo de recuperação econômica que começou em 2022 e se consolidou em 2023”, explicou Sindeaux. No entanto, ele acredita que para garantir um crescimento contínuo e reduzir a vulnerabilidade econômica, “é crucial diversificar a economia da cidade.” Sindeaux, destacou ainda a importância da indústria, que segundo ele, possui um poder de encadeamento significativo, beneficiando outros setores.

Por outro lado, o setor agropecuário foi o único a registrar perda de empregos, não apenas em Montes Claros, mas em Minas Gerais na totalidade. Sindeaux aponta que isso pode ser atribuído à mecanização da agricultura e ao uso de tecnologias que aumentam a produtividade, mas não geram empregos na mesma proporção. “Além disso, a urbanização crescente da cidade reduz as atividades rurais, afetando ainda mais o setor”, acrescenta o professor.

Ana Alice Vieira da Silva, que trabalha como cantineira e como profissional autônomo, acredita que Montes Claros tem oportunidades de trabalho, “mas precisa abrir mais portas para a população”. Ela enfatiza a importância de empregos com carteira assinada, embora reconheça que qualquer tipo de trabalho é relevante.

Ana está fazendo testes para uma possível contratação, mas ainda não há garantias. Sobre sua remuneração, ela acredita que a situação atual não é suficiente. “Isso ajuda nos gastos diários, que são altos. Mas o que eu queria mesmo era uma carteira de trabalho, porque isso traz mais proteção ao trabalhador. É mais seguro”, afirma.
 
OUTROS DADOS
Os dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) indicam que Minas Gerais registrou em setembro seu nono mês consecutivo de saldo positivo, com a criação de 15.840 empregos formais, sendo o setor de Serviços responsável pela maior parte, com 12.741 novas vagas. O comércio, a indústria e a construção seguiram na geração de empregos, enquanto a Agropecuária enfrentou uma perda de 8.253 postos. Ao nível nacional, a taxa de desocupação caiu para 6,4%, o segundo menor índice desde 2012.

Diogo Albuquerque, economista, afirma que, no contexto estadual e nacional, o setor de Serviços tem se mostrado resiliente em Minas Gerais e no Brasil. Com o estado registrando um saldo positivo de empregos e o país alcançando a segunda menor taxa de desocupação da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A construção civil projeta um crescimento de 3% para 2024, impulsionado por investimentos em otimização e digitalização, o que pode ajudar a absorver a força de trabalho e diversificar as fontes de emprego, especialmente devido ao enfraquecimento do agronegócio”, explica o economista. Ele ainda considera que, no entanto, é importante destacar que os empregos na construção civil podem ser temporários e não aumentam necessariamente a capacidade produtiva. “Além disso, o setor de serviços depende da renda gerada por outros setores, ressaltando a necessidade de uma estratégia de longo prazo para gerar emprego e renda nas regiões”, conclui. 

*Com informações da Agência Minas e Agência Brasil

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