Economia

Sem aumento real no poder de compra

Dados da Abras ainda não refletem a realidade do poder de compra dos consumidores

Larissa Durães
Publicado em 30/05/2023 às 19:28.
Alimentos ainda não retomaram os patamares dos preços de antes da pandemia (Larissa Durães)

Alimentos ainda não retomaram os patamares dos preços de antes da pandemia (Larissa Durães)

Os brasileiros estão comprando mais? Segundo a pesquisa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o consumo aumentou 2,14% no primeiro quadrimestre de 2023. Entretanto, a economista do Setor de índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Departamento de Economia da Unimontes, Vânia Vilas Bôas contesta a informação. Para ela, o que aconteceu foi um reajuste de salário mínimo que foi superior à inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é menor que IPC. Ela explica que o IPCA se baseia em 40 salários mínimos e o IPC tem rendimento até sete salários mínimos e, portanto, uma pesquisa que pega índice de IPCA, “não vai retratar a realidade da maioria do brasileiro, que tem rendimentos em até R$ 2.700. Sendo que se for a realidade de Montes Claros, é de R$ 1.302,00”, enfatiza. 

Em função dessa diferença nos índices, Vilas Bôas acredita que o consumidor não vai conseguir sentir no bolsa essa queda no preço. Mesmo levando em conta que o IPC de Montes Claros em abril ficou um pouco menor do que o de março, o fato dos preços dos gêneros básicos que compõem a Ração Essencial Mínima terem sido reajustados em 1,41% em abril de 202, após ter ficado em -3,96% em março, impediu que o montes-clarense pudesse levar mais alimentos para casa.

“O poder de compra aumentou em função do aumento do salário mínimo), mas as pessoas não tiveram aumento no poder de compra, de fato, ainda. Então, a diferença entre Montes Claros e a pesquisa da ABRAS, é porque ela pega mais dados do IPCA, enquanto a nossa realidade é outra”, ressalta. 
 
No bolso
A dona de casa Juliana Andrade, mesmo sem conhecer os números, concorda com a economista Vânia Vilas Bôas. Ela ainda não sentiu no bolso essa queda apontada pela pesquisa do setor supermercadista. “Olha, acho que pode até ter tido alguma queda, mas no final, eu ainda não percebi essa queda. Por enquanto, a gente compra pouca coisa e gasta muito”, ressalta.

O fator favorável no período, segundo Vilas Bôas, ficou por conta da queda nos preços dos combustíveis em abril, que ela acredita vai, a médio prazo, garantir um pouco mais de tranquilidade aos consumidores. “Já dá um certo refresco para o consumidor e é o que ajuda ele a consumir um pouco mais”, afirma.

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