Nutrição do rebanho deve ser observada com atenção e precaução pelo produtor rural, orientam especialistas (Inez Silva)
Durante a estação de estiagem, há uma redução tanto na quantidade quanto na qualidade dos pastos, demandando maior vigilância dos criadores de gado leiteiro e de corte em relação à dieta do seu gado. Em virtude dos incêndios ocorridos neste ano, é necessário que os produtores estejam alertas quanto às queimadas, as quais podem constituir uma ameaça para o gado.
“Como estamos vendo muitos casos de incêndio, o recomendado é o produtor fazer aceiros na beira de estradas e divisas de propriedade”, recomenda Manoel Lúcio Pontes Morais, coordenador técnico estadual de Bovinocultura da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
Para ele, a prevenção é a melhor conduta para o pecuarista nesse momento. “Se tem um local que costuma pegar fogo todo ano, o melhor é não deixar os animais ali, porque caso aconteça um incêndio, o rebanho na melhor das hipóteses vai sofrer um imenso estresse e algum dano físico para arrebentar a cerca, podendo até morrer todos cercados pelo fogo”, alerta.
Como desafio constante dos moradores da região Norte do Estado, a seca requer que os produtores rurais adotem, essencialmente, práticas de manejo sustentável para garantir a saúde do rebanho e a continuidade da produção.
“Recomendamos, principalmente, que os pecuaristas façam um planejamento estratégico para o uso eficiente dos recursos hídricos disponíveis. No momento, previsão é que tenhamos chuvas somente na segunda quinzena de outubro. Precisamos também considerar a questão do risco de incêndios, então é importante que os produtores criem brigadas com os vizinhos para proteção da pastagem e da vegetação nativa”, comenta Alexandre Rocha, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros e presidente da Comissão Técnica de Pecuária de Corte do Sistema Faemg/Senar.
Ainda conforme Rocha, existem outros pontos que devem ser observados pelos produtores rurais. “É importante realizar um manejo adequado das pastagens, evitando o superpastejo e considerando a suplementação alimentar do rebanho com ração balanceada, feno ou silagem, como a de cana, especialmente durante os meses mais secos. Temos, por exemplo, o aplicativo Orçamento Forrageiro, sendo uma importante ferramenta que auxilia o produtor na gestão e no manejo das forrageiras da propriedade, gratuitamente” comenta.
RISCO DE INCÊNDIOS
Manoel diz que os aceiros devem ter no mínimo 5 metros de largura e devem ser limpos anualmente no início do período da seca. Ele lembra, no entanto, que apenas isso pode não ser suficiente, dependendo do vento, do tipo de vegetação e do relevo. “Além do aceiro, é importante o produtor estar sempre atento se há sinais de fumaça para retirar os animais, em caso de incêndio”.
“Em caso de risco muito grande, o pecuarista deve planejar o pastejo diferido para piquetes mais distantes da divisa de estradas ou áreas de muito movimento. Sempre buscar fazer uma limpeza nas beiras de estradas, catando pedaços de vidro ou qualquer outro material que possa gerar uma combustão nessa macega, que é muito seca”, salienta o coordenador.
No período de transição seca-águas (caracterizado pelo fim da seca e início da estação chuvosa), que ocorre normalmente nos meses de setembro/outubro, as pastagens tendem a melhorar com a rebrota do capim. Mas o atraso das chuvas e as altas temperaturas podem interferir na formação do novo pasto, tornando essa fase um período crítico para a produção de bovinos.
COMPROMETIMENTO DA ALIMENTAÇÃO
“É importante que o produtor esteja precavido com uma quantidade maior de alimentos do aquela que ele vai necessitar. O recomendado é ter, no mínimo 30% a mais, pois pode haver perdas ou acontecer algum imprevisto como as queimadas e aí nesse contexto o planejamento quando fica muito justo é prejudicado”, destaca Manoel.
Ele ressalta ainda que o uso do sal proteinado é um instrumento de manejo muito importante para o produtor ao permitir que os animais comam e consigam digerir bem aquela macega que existe na pastagem, passando melhor o período da seca.
“Os produtores devem estar vigilantes quanto ao estado nutricional e à hidratação do rebanho, pois precisamos evitar situações que possam se agravar em condições de estresse hídrico, como a perda de peso e o aparecimento de parasitas que possam transmitir doenças e prejudicar o desenvolvimento do rebanho”, completa Alexandre Rocha, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros.
*Com informações da Agência Minas