
Pesquisa da Serasa indica que 60% dos brasileiros se preparam financeiramente para a aposentadoria apenas cinco anos antes. A maioria (64%) dos aposentados acha a renda insuficiente, impactando seu padrão de vida. A falta de planejamento completo é admitida por 37%, e 41% dizem ter planejado parcialmente, resultando em dificuldades como o não pagamento de contas essenciais para 37% e a necessidade de crédito para 60%. Para contornar esses problemas, 53% continuam trabalhando, com objetivos que incluem quitar dívidas, viajar e ajudar familiares. A pesquisa também mostra que 48% dos aposentados sentem instabilidade financeira, 45% temem o endividamento e 49% receiam precisar de ajuda financeira no futuro.
Cinthia Ferrante, professora aposentada, explica que, logo no início de sua carreira, se preocupou com a aposentadoria e, com a experiência adquirida, acredita que poderia ter feito mais em termos de organização financeira. “Claro que poderia ter feito mais em relação à organização para a aposentadoria. Mas, mesmo assim, me protegi. Eu não fiquei só esperando a aposentadoria. Desde o primeiro salário, eu guardava um pouco”, afirma.
Ela reconhece a importância do apoio familiar e destaca que muitos brasileiros enfrentam dificuldades por não contar com esse suporte. “Sempre tive o apoio da minha família. Infelizmente, quem não tem esse apoio não consegue fazer o mesmo”, observa.
Em relação ao valor de sua aposentadoria, Cinthia afirma que ele não é suficiente para manter o padrão de vida anterior. “O valor da aposentadoria não é suficiente. Não dá para se manter. Inclusive, eu tenho outro trabalho. Continuei trabalhando, mesmo após me aposentar”, revela.
Para o economista Aroldo Rodrigues, a primeira estratégia é definir o tempo de parada. “É importante entender até quando a pessoa vai continuar trabalhando, especialmente se for um trabalho formal. Com isso definido, é preciso avaliar as ações financeiras já tomadas até o momento, como previdência privada, previdência pública e outras aplicações”, explica.
Em relação ao valor necessário para uma aposentadoria confortável, Aroldo alerta que muitos erram ao calcular com base nos custos atuais de vida, sem considerar as mudanças que ocorrem com a idade, como aumento de despesas com saúde e cuidados pessoais. “As pessoas costumam calcular com base no custo de vida atual, mas, à medida que envelhecem, há a necessidade de mais cuidados médicos, planos de saúde mais caros, viagens e acomodações mais adequadas. A realidade muda bastante com o tempo”, ressalta.
Rodrigues alerta que quem ganha menos ao longo da vida e enfrenta dificuldades financeiras acaba dependendo da Seguridade Social, pois não consegue economizar para a aposentadoria. Ele sugere reservar de 10 a 15% da renda para um fundo de aposentadoria privada, escolhendo as aplicações com cuidado e considerando a inflação. “Outro problema é que muitos se iludem com a promessa de se aposentar com o teto do INSS, mesmo pagando o teto, o desafio é grande devido a limitações do sistema”. Além disso, ele recomenda sempre considerar o rendimento real das aplicações, e não apenas o nominal, para garantir que a aposentadoria seja suficiente para manter o padrão de vida.