Economia

Pouco para o trabalhador, muito para o empregador

Economista avalia o impacto do aumento do salário mínimo, reajustado para R$ 1.320

Larissa Durães
28/12/2022 às 20:45.
Atualizado em 29/12/2022 às 10:53
Segundo o Dieese, o salário mínimo é referência para 56,7 milhões de cidadãos (LARISSA DURÃES)

Segundo o Dieese, o salário mínimo é referência para 56,7 milhões de cidadãos (LARISSA DURÃES)

O salário mínimo em 2023 também vai ser um pouco maior a partir de 1º de janeiro, R$ 1.320 – a proposta do governo Bolsonaro previa R$ 18 a menos (R$ 1.302).

Para o economista Diogo Albuquerque, o reajuste é pouco para o trabalhador, mas muito caro do ponto de vista empresarial, porque “toda folha salarial ela é tributada”. 

Para Diogo, o custo trabalhista restringe o mercado de trabalho, criando um impacto muito grande na folha para as empresas e, principalmente, também, no funcionalismo público e, diretamente, no pagamento dos benefícios sociais. 

“Porque, basicamente, todo benefício social é atrelado ao salário mínimo”, destaca. 

Diogo acredita que este aumento produzirá mais inflação. 

“Para mim, não deveria ter tido este reajuste de R$ 18 reais, porque isto irá gerar inflação. Na verdade, o trabalhador, nem o empregador vão ganhar nada com este reajuste”, avalia. 

Pesquisa recente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que o salário mínimo é referência para 56,7 milhões de cidadãos. Do total, 24,2 milhões se referem a beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).  

Outros setores também sofrem o impacto com a correção do piso nacional, como, por exemplo, o seguro-desemprego, abono salarial do PIS/Pasep e Benefício da Prestação Continuada.
 
SINDICATOS DIVERGEM 
Para Marcelo Braga, assessor do Sindicato dos Empregados no Comércio de Montes Claros e região, é sempre que se tenha ganho real.  

“Pois o que se teve nos últimos anos, na verdade, foi uma mera reposição da inflação, ou seja, o salário do trabalhador ficou defasado ao longo dos anos em virtude da inflação”, explica e avalia: “quando se tem apenas a aplicação da inflação, não tem nenhuma conquista”.

Para Marcelo o governo não está fazendo nada mais que a obrigação, porque, se tem inflação durante o ano, é preciso que o governo reponha – até porque não se compra uma manteiga em 2023, com o valor que se comprou em 2022.  

“Isso não é nada mais que obrigação. Agora, quando se tem ganho real, se dá dignidade para as pessoas de modo geral”, frisa Marcelo. 

Já o presidente do Sindicato do Comércio de Montes Claros (Sindcomércio), Glenn Andrade, diz que, do ponto de vista do sindicato patronal, qualquer aumento além do que já foi pronunciado no salário mínimo também vai refletir no salário comercial. 

“E por menor que seja essa diferença, para o empregador, é muito”. 

Para ele, valorar o piso salarial acima do que já foi previsto, para aquelas pessoas que empregam e geram um, ou mais empregos é muito. 

“Penso que essa atitude deve ser melhor avaliada”, acredita. 

De acordo com Glenn, o empregador não está tendo condição de pagar o salário, porque não está tendo crescimento e expansão do negócio, não há estímulo por parte do governo, que justifique que a categoria remunere melhor, ou que negocie melhor. 

“Estamos pagando salário caro e estamos, também, sofrendo com os encargos sociais e tributos que estamos pagando e alugueis caros. Vai chegar um ponto que vai inviabilizar as atividades se não acontecer um recuo dessa ganância tributária que os governos vêm impondo em cima dos pequenos negócios”, acredita.

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