O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na última quarta-feira (27) a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores com renda de até R$ 5 mil mensais, a partir de 2026. Atualmente, o limite é de R$ 2.259,20. A medida será financiada pela taxação de lucros e dividendos superiores a R$ 50 mil mensais.
Reações à medida
A ampliação da isenção tem sido vista como uma medida de justiça social por alguns especialistas e cidadãos. A advogada Poliana de Souza Rocha elogiou a decisão, ressaltando seus benefícios para as classes C e D. “A medida aumenta o poder aquisitivo da população mais pobre, impulsiona o consumo e estimula a economia. É um passo importante para promover justiça social”, afirmou.
Já o comerciante Tiago Reis, demonstrou ceticismo quanto aos efeitos reais. “Na teoria, parece que haverá um benefício, mas na prática as expectativas nem sempre se confirmam. É preciso aguardar para avaliar os impactos reais”, disse, destacando que a medida pode trazer um otimismo inicial, mas não garante resultados concretos.
Para Aroldo Rodrigues, economista, embora válida do ponto de vista social, não resolve o problema estrutural das finanças públicas. “Pois, o governo continua enfrentando dificuldades em reduzir despesas e controlar o déficit fiscal”. Ele aponta que, sem cortes significativos nos gastos, como em áreas administrativas ou investimentos ineficientes, o alívio tributário pode ter efeitos limitados na economia. “Além disso, a inflação corrói o poder de compra, reduzindo o impacto real da medida no consumo interno.”, destaca.
Rodrigues alerta que o aumento do déficit e a ausência de medidas para conter gastos podem gerar desconfiança no mercado, pressionando juros e câmbio. “Isso encarece produtos e serviços vinculados ao dólar, como alimentos e combustíveis, impactando toda a população”, avisa.
Já o contador, Rodney Andrade, que também analisou a medida, destaca que o limite de isenção estava defasado há anos, resultando em uma tributação injusta para uma parcela significativa da população. “Era preciso corrigir a tabela, pois trabalhadores com renda de até dois salários mínimos estavam pagando imposto de renda, algo que não fazia sentido no contexto econômico atual”, afirmou.
Alivio no bolso
A aposentada Maria Eva Oliveira elogiou a decisão, dizendo que o brasileiro sabe se adaptar mesmo diante de ameaças de inflação. “O povo reclama e deixa de comprar o que está mais caro. No fim, os preços acabam voltando a cair. Já estava na hora dessa isenção chegar”, declarou.
Já a diarista Fátima Bento Aguiar, que ganha próximo a dois salários mínimos, comemorou: “É justo que quem ganha pouco não pague imposto e quem ganha muito pague mais. A proposta faz sentido.”