Poder de compra menor e custo maior reduzem confiança do comércio

Cenários interno e externo desanimam setor, mas CDL prevê aumento de vendas nos próximos meses

Larissa Durães
29/03/2022 às 00:39.
Atualizado em 29/03/2022 às 10:44
 (ELISA COLOMBO)

(ELISA COLOMBO)

A confiança dos empresários do comércio recuou este mês em relação aos dois anteriores. É o que mostra análise do setor de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio MG), com base em dados nacionais. Em março, a confiança atingiu 120,7 pontos percentuais contra 122,5 (p. p.). 

Para o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, o resultado mostra um grande desafio que os empresários irão enfrentar em 2022. 

“Tanto o cenário desafiador no âmbito conjuntural doméstico quanto o cenário macroeconômico internacional impactam diretamente o varejo, que lida, na ponta, com o consumidor final”, afirma.

Para o economista Diogo Albuquerque, do Instituto de Negócios Crescer, o que se sente, em relação a esse recuo, é um impacto muito grande da redução do poder de compra dos consumidores, além do aumento dos custos para os empresários. Este último fator, causado principalmente pelo aumento do preço do petróleo e da taxa de juros, que faz com que os investimentos fiquem mais caros. “O que é o suficiente para impactar na margem”, diz o economista. “Impactando na margem, o empresário vê também que a demanda não está aumentando tanto, por isto a confiança dele tornasse menor”, ressalta. 

O poder de compra dos brasileiros também foi afetado pela inflação, que está ainda mais acentuada pela guerra na Ucrânia. A inflação nos últimos 12 meses subiu para 10,54% em fevereiro, quando os preços subiram 1,01% ao mês, a maior taxa desde 2015 para este mês, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Mesmo assim, Diogo acredita que os próximos meses serão melhores. “No cenário futuro a curva de juros não tem uma tendência de alta, ou seja, a gente está esperando que a taxa de juros aumente até 3% ou 3,12% até o final do ano, mas depois começa a reduzir”. 

Para ele, a taxa de inflação também irá se arrefecer. “Até o fim do ano vai esfriar, mesmo que agora esteja crescendo por causa do petróleo. Mas a tendência é que estabilizando a situação política internacional e principalmente com a queda do dólar, haja redução dos reajustes mensais dos preços, o que vai levar à estabilização da economia brasileira e a uma retomada da demanda”. 

Já o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros (CDL), Ernandez Ferreira, considera esses dados como um tropeço. “A partir do mês de abril, sempre começa a melhorar. Além de termos a Páscoa agora, que favorece o segmento de bombonieres, temos no começo de maio o Dia das Mães, depois o Dia dos Namorados e, por isso, uma parte do varejo significativa que puxa a economia e ajuda a melhorar as expectativas”. 

Em março, todos os índices que compõem os indicadores apresentaram queda em relação ao mês anterior: O Índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio – Icaec, (106,4 p.p. contra 101,9 p.p), o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio – Ieec (105,5 p.p. para 149,9 p.p.) e o Índice de Investimento do Empresário do Comércio – Iiec (110,7 p.p. caindo para 110,4 p.p).

Segundo Ernandes, esses dados servem como alerta para o comerciante e empresário. “Mas o empresário é guerreiro, a gente acredita que ele vai dançar conforme a música e vai se recuperar”, diz o presidente da CDL.

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