Em Montes Claros, a inadimplência subiu 4,4% em relação a 2023, de acordo com a CDL, sendo que as mulheres representam 58,54% dos casos de inadimplência e os homens, 41,46% (FREEPIK)
O mais recente Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas no Brasil, divulgado pela Serasa em 2024, revela que Minas Gerais tem um nível de endividamento inferior à média nacional, com 40,59% dos moradores em dívida, em comparação aos 44,04% no restante do país. Esse esforço dos mineiros para quitar débitos resultou em um aumento significativo no cancelamento de dívidas protestadas, conforme destaca o Instituto de Protestos de Minas Gerais (IEPTB-MG). No entanto, em Montes Claros, houve um aumento: este ano de 4,4% na inadimplência em comparação a 2023, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros (CDL), com as mulheres representando 58,54% dos inadimplentes e os homens, 41,46%.
“Os números mostram uma tendência de maior endividamento das famílias. Isso ocorre, principalmente, porque o poder de compra caiu, dificultando o cumprimento de compromissos financeiros. Como resultado, muitas pessoas precisam escolher quais dívidas priorizar, o que deixa o orçamento mais apertado. Essa situação tem sido observada em todo o país e se intensificou neste ano em comparação ao anterior”, comenta o presidente da CDL, Ernades Ferreira.
Cláudinéia Santos, que está inadimplente há muitos anos, explica que sua situação financeira se complicou quando ficou desempregada. Agora, com a melhora financeira, está determinada a regularizar sua situação. “Devo principalmente bancos e pequenas lojas, acredito que agora que estou trabalhando, vou conseguir quitar esses débitos, que gira em torno de uns R$ 1 mil reais”.
A Serasa revela que o valor médio das dívidas gira em torno de R$ 1.445,50 por débito, acumulando R$ 5.445,31 por pessoa. As dívidas estão concentradas principalmente em bancos e cartões de crédito (29,07%) e em serviços essenciais, tais como água, luz e gás (22,13%).
A faixa etária predominante entre os endividados é de 26 a 60 anos, com uma distribuição quase igual entre mulheres (50,3%) e homens (49,7%). O valor médio dos acordos firmados no programa Serasa Limpa Nome é de R$ 752.
Leandro Gabriel, diretor-presidente do IEPTB MG, destacou um dado relevante sobre a situação em Minas Gerais: “ao analisarmos o número de títulos cancelados, notamos um aumento de 15,1%, o que indica que mais pessoas estão conseguindo regularizar suas contas”. Apenas no primeiro semestre de 2024, foram mais de R$ 13 bilhões em dívidas protestadas no estado.
Segundo o economista Diogo Albuquerque, a redução da inadimplência em Minas Gerais no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período, pode ser atribuída a fatores macroeconômicos como o aumento da renda, a diminuição do desemprego e a implementação de programas de renegociação de dívidas, como o Desenrola Brasil.
Considerando a redução da inadimplência e os dados recentes sobre o cancelamento de protestos, Diogo acredita que as estratégias adicionais poderiam ser implementadas para continuar essa tendência positiva no segundo semestre de 2024. Para ele, a taxa de inadimplência deve continuar a reduzir no segundo semestre com a queda no desemprego e o aumento da renda. “Mas seria importante tomar uma estratégia de longo prazo como a conscientização financeira da população, com cursos principalmente para crianças do ensino fundamental”, finaliza.