economia

Pesquisa aponta que comércio levou três anos para estabilizar

Em Montes Claros, há vagas, mas poucos dispostos a cumprir a jornada, relata gerente

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 29/07/2024 às 19:00.
Vagas de emprego abertas e mão de obra escassa (MÁRCIA VIEIRA)

Vagas de emprego abertas e mão de obra escassa (MÁRCIA VIEIRA)

A Pesquisa Anual de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última, apontou que o comércio no país levou três anos para retomar o cenário de empregabilidade que havia no país antes da pandemia. O levantamento traz dados de 2022, quando o comércio brasileiro empregou 10,3 milhões de pessoas. Esse número supera em 157, 3 mil o contingente de 2019, último ano antes da pandemia da Covid-19. O ponto máximo da série iniciada em 2007 é 10,6 milhões, em 2014.

Para Jairo Bahia, da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montes Claros (ACI-MOC), a pesquisa analisa o Brasil na totalidade e, naturalmente, algumas regiões têm comportamentos diferentes. “Mas um ponto a ressaltar é que no pós-pandemia cresceu muito o comércio eletrônico. Então, essa atividade se deslocou para os grandes centros através das grandes empresas que trabalham com esse comércio”, diz Jairo, ressaltando que a venda pelo e-commerce cresceu muito. “Foi necessidade durante a pandemia, os comércios tradicionais estavam fechados e essa cultura aumentou ainda mais, após esse experimento de comprar pela internet”, diz.

Ernandes Ferreira, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Montes Claros (CDL), considera que a retomada, no que se refere às vagas de emprego, demorou um pouco e várias empresas sentiram muito o impacto. O motivo, ele acredita, foi o crescimento do comércio on-line. “Algumas empresas fecharam e houve a mudança de costume no consumo. Outros negócios permaneceram on-line, então diminuiu o número de vagas também por esse motivo”, pontua Ernandes. Mas, ele ressalta que, por outro lado, percebe em algumas pessoas a necessidade de querer sair e ter a experiência em loja física, fazendo a economia se recuperar gradativamente. Ernandes afirma que os setores locais que mais empregam são os supermercados, farmácias, magazines, bares e restaurantes, entre outros. 
 
TEMOS VAGAS
O gerente de uma rede de supermercados que tem unidades de norte a sul da cidade, que preferiu não se identificar, afirmou à reportagem que a empresa mantém vagas de emprego abertas com frequência. Porém, há uma dificuldade em encontrar pessoas que queiram cumprir a jornada que esse tipo de empresa exige. “A maioria que aparece não quer trabalhar em finais de semana. Fazemos premiações para aqueles que tiverem um bom rendimento e existe a possibilidade de evoluir na empresa, mas mesmo assim está difícil”, disse.

Gláucia Souza é funcionária de uma farmácia localizada na região sul da cidade e endossa que o comércio, de modo geral, padece da mesma dificuldade. “Colocamos nas nossas redes sociais, divulgamos as vagas, mas existe uma dificuldade das pessoas aceitarem a jornada de trabalho. Farmácia funciona o tempo todo, dia e noite, e por isso preferem ficar em casa do que encarar a rotina que o comércio precisa”.

Ela cita ainda que uma concorrente bem próxima disponibilizou 50 vagas de emprego em toda a rede e não conseguiu preencher. Para tentar solucionar a falta de mão de obra, a farmácia decidiu abrir vaga exclusivamente para o sexo masculino no turno da noite. “Acreditamos também que a insegurança que afeta o comércio pode ser um motivo que faz as mulheres recusarem o trabalho. Como a noite costuma ser mais perigosa, colocamos esse critério. Vamos aguardar”, declarou a funcionária.

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