
Símbolo do Cerrado e orgulho da culinária mineira, o pequi vem se consolidando como um dos principais motores da economia do Norte de Minas. Em 2024, o fruto movimentou cerca de R$ 250 milhões e alcançou 170 mil toneladas de produção, envolvendo 30 mil famílias de agricultores em municípios como Montes Claros, Mirabela, Japonvar, Ubaí e Campo Azul, segundo dados da Prefeitura de Montes Claros.
Com a chegada da safra, cozinheiros e produtores celebram o retorno de um dos ingredientes mais marcantes da gastronomia regional. A chef Andrea Pereira descreve o fruto como uma iguaria única e versátil. “O pequi é uma fruta rara do Cerrado, excelente para criar bons pratos. Dá para fazer arroz, carne de sol, bolo e até doce”, afirma. Ela ressalta, porém, que o preço elevado no início da safra afeta quem depende do fruto para cozinhar. “Sofremos com o valor da fruta, porque muitos clientes não querem pagar o preço que ela realmente vale”, comenta.
Mesmo com as variações de preço, o pequi continua sendo uma importante fonte de renda. “Durante todo o período da safra, o pequi dá renda e faz girar a economia. Comigo, ele acrescenta cerca de 20% à minha renda”, diz Andrea.
O valor econômico do fruto foi reconhecido nacionalmente em janeiro de 2024, com a sanção da Política Nacional do Pequi e Frutos do Cerrado, que busca proteger e incentivar o uso sustentável dessas espécies. Hoje, estima-se que existam cerca de 2,5 milhões de pés produtivos na região.
O engenheiro agrônomo Neucy Aparecido Fagundes, da Cooperativa Grande Sertão, explicou que o consumo e a comercialização do pequi evoluíram significativamente. “Já foi um tempo em que o pequi era consumido apenas por quem vivia nas áreas de incidência. Hoje conseguimos armazenar em conserva ou congelado, garantindo oferta o ano inteiro”, afirmou. Segundo ele, as novas tecnologias permitiram ampliar o alcance do produto. “Fornecemos pequi até para o Acre, que não tem produção própria”, contou.
A cooperativa, referência nacional e internacional, processou 632 toneladas do fruto em 2024, provenientes de 13 municípios. O volume gerou R$ 253 mil distribuídos entre os cooperados e resultou em produtos como polpa, óleo e farofa, com valor agregado de R$ 2,5 milhões. Somente em comercialização direta, foram R$ 610 mil em vendas, incluindo 4,7 toneladas de óleo, das quais 1,5 tonelada foi exportada para a França.
Neucy ressaltou que o beneficiamento gera oportunidades para produtores e consumidores. “Essas técnicas permitem ao consumidor ter acesso ao pequi fora de época e garantem aos extrativistas a chance de comercializar muito mais”, destacou. “Nós trabalhamos com mais de mil pessoas para a colheita do pequi. Isso é renda para essas pessoas e famílias”, destaca.
