Símbolo do Cerrado

Pequi impulsiona economia

Em 2024, a venda do fruto movimentou cerca de R$ 250 milhões

Larissa Durães
Publicado em 12/11/2025 às 05:56.
Cooperativa Grande Sertão, processou 632 toneladas do fruto em 2024, provenientes de 13 municípios (Cooperativa Grande Sertão)
Cooperativa Grande Sertão, processou 632 toneladas do fruto em 2024, provenientes de 13 municípios (Cooperativa Grande Sertão)

Símbolo do Cerrado e orgulho da culinária mineira, o pequi vem se consolidando como um dos principais motores da economia do Norte de Minas. Em 2024, o fruto movimentou cerca de R$ 250 milhões e alcançou 170 mil toneladas de produção, envolvendo 30 mil famílias de agricultores em municípios como Montes Claros, Mirabela, Japonvar, Ubaí e Campo Azul, segundo dados da Prefeitura de Montes Claros.

Com a chegada da safra, cozinheiros e produtores celebram o retorno de um dos ingredientes mais marcantes da gastronomia regional. A chef Andrea Pereira descreve o fruto como uma iguaria única e versátil. “O pequi é uma fruta rara do Cerrado, excelente para criar bons pratos. Dá para fazer arroz, carne de sol, bolo e até doce”, afirma. Ela ressalta, porém, que o preço elevado no início da safra afeta quem depende do fruto para cozinhar. “Sofremos com o valor da fruta, porque muitos clientes não querem pagar o preço que ela realmente vale”, comenta.

Mesmo com as variações de preço, o pequi continua sendo uma importante fonte de renda. “Durante todo o período da safra, o pequi dá renda e faz girar a economia. Comigo, ele acrescenta cerca de 20% à minha renda”, diz Andrea. 

O valor econômico do fruto foi reconhecido nacionalmente em janeiro de 2024, com a sanção da Política Nacional do Pequi e Frutos do Cerrado, que busca proteger e incentivar o uso sustentável dessas espécies. Hoje, estima-se que existam cerca de 2,5 milhões de pés produtivos na região.

O engenheiro agrônomo Neucy Aparecido Fagundes, da Cooperativa Grande Sertão, explicou que o consumo e a comercialização do pequi evoluíram significativamente. “Já foi um tempo em que o pequi era consumido apenas por quem vivia nas áreas de incidência. Hoje conseguimos armazenar em conserva ou congelado, garantindo oferta o ano inteiro”, afirmou. Segundo ele, as novas tecnologias permitiram ampliar o alcance do produto. “Fornecemos pequi até para o Acre, que não tem produção própria”, contou.

A cooperativa, referência nacional e internacional, processou 632 toneladas do fruto em 2024, provenientes de 13 municípios. O volume gerou R$ 253 mil distribuídos entre os cooperados e resultou em produtos como polpa, óleo e farofa, com valor agregado de R$ 2,5 milhões. Somente em comercialização direta, foram R$ 610 mil em vendas, incluindo 4,7 toneladas de óleo, das quais 1,5 tonelada foi exportada para a França.

Neucy ressaltou que o beneficiamento gera oportunidades para produtores e consumidores. “Essas técnicas permitem ao consumidor ter acesso ao pequi fora de época e garantem aos extrativistas a chance de comercializar muito mais”, destacou. “Nós trabalhamos com mais de mil pessoas para a colheita do pequi. Isso é renda para essas pessoas e famílias”, destaca. 

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