Produtores de algodão de Catuti, no Norte de Minas, reuniram-se para o ‘Dia de Campo’ na fazenda Lagoa Escura, onde apresentaram os resultados da safra 2024/2025. O evento destacou o uso de sementes de alto desempenho e tecnologia de precisão, beneficiando 76 agricultores familiares associados à Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti (Coopercat). Nesta safra, 40 produtores colheram até 400 arrobas por hectare, superando a média regional de 250 arrobas.
A iniciativa contou com a parceria do Governo de Minas, por meio do Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proalminas) e do Fundo Algominas, que investiram R$ 2,4 milhões na construção de um centro equipado com tecnologia moderna para armazenamento, descaroçamento e prensagem do algodão. A Agência Brasileira de Cooperação (ABC) integra o projeto, sendo responsável pelo Centro de Visão e Tecnologias do Algodão, que promove intercâmbios com 18 países africanos. O investimento total na ação já ultrapassa R$ 5 bilhões, abrangendo usinas, escritórios e centros de armazenamento.
O diretor-executivo de algodão da divisão agrícola da Bayer no Brasil, Fernando Prudente, destacou que, ao apoiar os produtores familiares, impulsionam o desenvolvimento sustentável no campo. “E com isso, fortalecemos a agricultura familiar, essencial para a resiliência dos sistemas agrícolas”, afirmou.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o incentivo à cotonicultura familiar chega em um momento promissor. Em 2024, o Brasil tornou-se o maior exportador mundial de algodão em pluma, com previsão de produção recorde de 3,9 milhões de toneladas na safra 2024/25. Minas Gerais ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, com estimativa de 76,8 mil toneladas.
RECUPERAÇÃO REGIONAL
A região de Catuti, que já foi destaque na produção algodoeira do estado, sofreu uma retração nas últimas décadas devido a pragas como o bicudo-do-algodoeiro. No entanto, com a introdução de tecnologias de precisão, como drones para pulverização, e as parcerias, os pequenos produtores estão recuperando a produtividade com maior eficiência e menor impacto ambiental.
Como o produtor e agricultor familiar de Mato Verde, Hermínio Silva, que considera que os ganhos são visíveis. “Antes da adesão à cooperativa, eu vendia o algodão a atravessadores, ganhando pouco. Agora a gente vende o algodão direto para a indústria têxtil, o que agrega mais valor. A parceria com a Bayer e a Coopercat tem nos ajudado bastante”, relatou.
Antes das sementes transgênicas e do drone na propriedade, a aplicação era feita com bomba costal. Hoje, com o drone, a realidade mudou completamente. “É uma evolução que chegou à agricultura familiar”, disse o agricultor.
Além do algodão, Silva relata que os drones também facilitaram a colheita de forragem para o gado leiteiro, especialmente na seca, e contribuíram para um aumento de até 50% na renda familiar. “Estávamos numa situação difícil, mas agora a melhora foi significativa”, informou.
“Com essa tecnologia, foi possível eliminar os danos causados pelo bicudo-do-algodoeiro e manter a quantidade de aplicação dos produtos, mas com redução da calda de pulverização em 96%”, explicou o técnico agropecuário e assessor técnico da Coopercat, José Tibúrcio de Carvalho Filho. Segundo ele, o objetivo principal do projeto é fortalecer os pequenos produtores e promover uma visão integrada da agricultura familiar. “Hoje temos produtores de leite que passaram a cultivar forrageiras, garantindo proteína para o rebanho e uma nova fonte de renda para a propriedade”, disse.
Ele também destacou os benefícios do uso dos drones. “Antes, o produtor aplicava agrotóxicos manualmente, com bombas costais, o que oferecia riscos à saúde. Agora, com eles, o processo ficou mais seguro e eficiente. Uma pulverização convencional consome até 200 litros de calda, enquanto o drone faz o mesmo trabalho com apenas 5 litros”, afirmou. A ferramenta tem sido fundamental no combate ao bicudo-do-algodoeiro e a outras doenças da lavoura.
O projeto já alcança municípios como Catuti, Mato Verde, Monte Azul, Porteirinha, Espinosa, Pai Pedro, Gameleiras, Santo Antônio do Retiro, Jaíba, Matias Cardoso, Nova Porteirinha e Janaúba, e deve se expandir para até 16 cidades num raio de 300 quilômetros. “São localidades onde já há produtores interessados e infraestrutura sendo implantada em escala industrial”, destacou Tibúrcio.