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Sábado,23 de Novembro
economia

Montes Claros registra alta na inflação de setembro

Aumento dos preços é reflexo direto dos impactos da seca e queimadas, aponta IPC

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 08/10/2024 às 19:00.

Apesar da diferença no poder de compra, tanto a aposentada Cleusa quanto o médico Antônio Carlos perceberam a variação nos preços dos produtos (LARISSA DURÃES)

A pesquisa de variação de preços realizada pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor da Unimontes (IPC) registrou uma inflação de 0,29% em setembro de 2024, ligeiramente superior aos 0,27% registrados em agosto. Com esse resultado, o acumulado do ano em Montes Claros já chega a 5,06%, refletindo os impactos da seca e das queimadas que atingem diversas regiões do país. A pesquisa revelou que a Cesta Básica na cidade acumulou alta de 1,85% no ano e 2,65% nos últimos doze meses.

Segundo a economista Vânia Vilas Bôas, a seca histórica e as queimadas estão pressionando a inflação, especialmente no período de entressafra, quando muitos produtos já sofrem com elevação de preços. “Entre os itens que já começam a apresentar alta estão o óleo de soja (4,75%), o café (6,11%) e o feijão (1,82%), produtos essenciais que estão sendo afetados pela queda na oferta devido ao clima severo”, explicou a economista.

“A mudança para a bandeira tarifária vermelha na energia elétrica também tem contribuído para o aumento de custos em setores como agricultura, indústria e serviços, agravando ainda mais o cenário inflacionário”, afirma Vânia. Ela ressalta que produtos básicos, como leite, café, carne bovina e açúcar, também estão sendo afetados, com previsões de aumentos ainda mais expressivos nos próximos meses. 
 
SITUAÇÃO DIFÍCIL 
Para a aposentada Cleusa Torquato dos Santos, as frutas, o alho, a batata, a cebola, além das carnes, principalmente o peixe, tiveram um aumento significativo nos preços. Essa mudança gerou uma preocupação maior com os gastos mensais, com destaque para os custos com alimentação, gás e luz. “Já deixo de comprar algumas coisas e procuro as opções mais baratas. O sabão Omo, que era muito procurado, agora não estou comprando mais, e a compra de alimentos também está difícil”, afirmou.

A qualidade dos produtos também foi afetada. Dona Cleusa notou que o arroz, o feijão e o açúcar mudaram, refletindo a realidade do aumento dos preços. “A gente vai comprar um carrinho de compras e, quando vê, dá quase R$ 1.000, e a gente vive com um salário mínimo que é bem baixo. Então, compro outras marcas e isso afeta a qualidade dos produtos. Temos que planejar as compras com cuidado, além de lidar com despesas de saúde, como medicamentos e cirurgias, para não ter que passar necessidades”, explica.

Antônio Carlos de Albuquerque Moreira, neurocirurgião, acredita que, nos últimos anos, o Brasil enfrenta um aumento progressivo no custo de vida. Para ele, esse cenário é agravado por uma política governamental que aumenta salários anualmente sem um controle correspondente sobre a inflação, além das queimadas, fazendo com que os preços de bens e serviços subam desproporcionalmente. “Essa situação gera uma ilusão de melhoria financeira, pois o aumento salarial não se reflete na capacidade de compra do consumidor. Os preços de insumos alimentícios, produtos de limpeza e energia têm subido de maneira abusiva. É necessário buscar um equilíbrio entre os lucros da indústria, do agro e a proteção dos consumidores, garantindo justiça e igualdade para ambos os lados”, acredita. 

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