Força feminina

MOC possui aproximadamente 16 mil microempreendedoras individuais

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 01/03/2024 às 19:00.
Sara Beatriz Pinheiro Santos, motivada pela maternidade, decidiu unir o útil ao agradável. Atualmente, ela é microempreendedora individual (MEI), atuando como costureira e consultora de imagem (arquivo pessoal)

Sara Beatriz Pinheiro Santos, motivada pela maternidade, decidiu unir o útil ao agradável. Atualmente, ela é microempreendedora individual (MEI), atuando como costureira e consultora de imagem (arquivo pessoal)

Anualmente, o empreendedorismo feminino ganha destaque, conforme indicado pelo mais recente levantamento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas). No Brasil, 9,3 milhões de mulheres atuam como microempreendedoras individuais, representando 34% do total de mulheres empreendedoras. Em Minas, as mineiras constituem 46,8% dos Microempreendedores Individuais do estado, totalizando mais de 344,5 mil empreendedoras. Montes Claros, por sua vez, conta com 15.972 microempreendedoras individuais, o que representa 40% do total, conforme dados do Sebrae Minas.

Para a sommelier, Letícia Novato, não basta querer ser uma mulher empreendedora. “Uma das maiores dificuldades que eu encontro é justamente essa questão da maternidade. Por exemplo, quando um pai deixa de ir ao trabalho, porque tem que ir na consulta do filho, as pessoas perguntam aí, mas menino não tem mãe, não? Não é só obrigação da mãe levar o menino. E ele ter que pedir licença, sim! Então, assim, essas coisas práticas da vida, conciliar com essa questão da maternidade, é bem difícil. Pois, a maternidade, no Brasil, é coisa exclusiva das mulheres. E acaba sobrando pouco tempo pra gente poder dedicar de fato ao empreendedorismo”, explica.

“A mulher tem pouco tempo. Então, não é questão de competência, é questão realmente de ter tempo para se dedicar. Inclusive, conversando com outras mães acreditamos que se os homens conseguissem se dedicar, ou quisessem se dedicar mais ao trabalho de cuidar dos filhos, com certeza teríamos mais uma equiparidade. Teríamos mais mulheres empreendedoras”, completa Novato. 

Motivada pela maternidade, Sara Beatriz Pinheiro Santos decidiu combinar o útil ao agradável. “Tentei trabalhar em outros empregos, só que, como eu tinha filho pequeno, eu cansei de ter que ficar pra lá e pra cá e deixa-lo com outras pessoas. E o dia que ele chegou pra mim, falou assim, ‘mãe, por que, que eu tenho que ir pra casa de outras pessoas?’ E sendo que eu tinha a mão de obra e tinha o maquinário, resolvi, então, nesse momento, trabalhar por conta própria”. Sara é uma microempreendedora individual (MEI), costureira e consultora de imagem. 
 
IGUALDADE
A busca pela equidade continua sendo um desafio no país, conforme aponta Sara Antunes, economista e professora do departamento de economia do Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE) da Unimontes. “A questão é que esse desafio não se aplica apenas aos empreendedores. É uma questão muito complexa em relação à igualdade de gênero. A própria cultura contribui. Existe a ideia de que o filho é apenas da mãe, não do pai. Há uma pressão social sobre as mulheres. É muito evidente. Em pequenas ações, percebe-se isso”, analisa. 

“Não acredito que devemos criar uma guerra entre os sexos, uma batalha entre homens e mulheres. Não se trata disso. Mas é importante trazer o assunto à tona e conscientizar as pessoas. Não devemos cobrar apenas das mães, mas também lembrar dos pais, em todos os aspectos, seja para empreendedoras, trabalhadoras com carteira assinada, ou aquelas que se dedicam ao lar, pois, todas trabalham”, declara.

Para a economista, as empresas e entidades estão buscando transformar o cenário. “Já temos empresas que valorizam, por exemplo, oferecendo mais suporte às mulheres e possibilitando promoções. Antigamente, algumas décadas atrás, era difícil ver uma mulher grávida sendo promovida. Hoje, já há empresas que promovem mulheres grávidas, pois, entendem que elas continuarão a lutar pelo sucesso profissional. Algumas empresas oferecem creches, permitindo que as mães levem seus filhos para o trabalho. Isso é vantajoso para a empresa, pois, uma mulher precisa deixar seu filho em algum lugar. E oferendo a creche, ela fará de tudo para permanecer nesta empresa, de novo, se dedicará ainda mais”. 

Para Antunes, mudar uma cultura leva tempo. “Hoje você vê pais mais participativos, sim, mais empresas pensando nas mulheres, mas ainda não há uma equidade. Eu acho que isso, por ser cultural, demanda tempo. Mas estamos no caminho certo”, conclui.

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