economia

MOC mantém crescimento no emprego formal

Setores em alta e novos perfis de trabalho desafiam mercado local

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 07/07/2025 às 19:00.
Economia aquecida, mas jovens evitam emprego formal, comenta coordenador do Observatório do Trabalho de Montes Claros (LARISSA DURÃES)
Economia aquecida, mas jovens evitam emprego formal, comenta coordenador do Observatório do Trabalho de Montes Claros (LARISSA DURÃES)

Montes Claros registrou, em maio, a criação de 407 novas vagas com carteira assinada, mantendo pelo quinto mês consecutivo o saldo positivo na geração de empregos formais em 2025. Os dados, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, indicam 4.507 admissões contra 4.100 desligamentos, elevando o número de trabalhadores formais para 98.222 no município.

Os setores de serviços e indústria foram os que mais contribuíram para o resultado, com 165 e 136 novos postos, respectivamente. No acumulado do ano, Montes Claros soma 1.341 vagas formais criadas, uma média de 268 por mês.

Segundo o professor Roney Sindeaux, coordenador do Observatório do Trabalho de Montes Claros, da Unimontes, o desempenho é um dos melhores para o mês de maio nos últimos cinco anos, mas ainda pode ser melhor. “O fato de termos tido, em outros momentos, saldos ainda maiores indica haver espaço para ampliar as contratações.”

Para ele, três fatores explicam os desafios atuais: a dinâmica econômica, as expectativas dos trabalhadores e o perfil das vagas ofertadas. Embora a economia esteja aquecida e a indústria ofereça empregos mais estáveis, muitos jovens evitam o emprego formal. “Há uma mudança de comportamento. Eles buscam mais flexibilidade de horário e atuação, e não se sentem atraídos por jornadas rígidas e salários baixos, como os oferecidos por muitas vagas de entrada em Montes Claros.”

A diarista Thaísa Mendonça também rejeita a formalização. “Trabalhar como autônoma me dá liberdade. Faço meus horários, posso ir ao médico ou resolver questões pessoais. É menos desgastante emocionalmente”, explica. Apesar de reconhecer a ausência de benefícios e da aposentadoria garantida, ela afirma que, por enquanto, pretende continuar dessa forma: “Não me estimula ter carteira assinada com esses horários e salário. Prefiro ser autônoma e pagar por fora o INSS.”

Na outra ponta, empresários enfrentam dificuldades para contratar. A comerciante Rejane Gonçalves relata escassez de candidatos para vagas básicas. “Não estou encontrando ninguém para vender, atender balcão ou dirigir caminhão. Faço parte de um grupo de WhatsApp com outros empresários e todos estão passando pela mesma dificuldade”, afirma. “Sinceramente, não sei mais o que está acontecendo. Ninguém quer trabalhar. Não sei como estão vivendo. Nem todos estão empreendendo”, questiona.

Diante desse cenário, o professor Roney aponta que discutir alternativas, como a redução da jornada de trabalho, pode ser uma saída para atrair novos trabalhadores. “Estamos lidando com uma geração que pensa diferente. Mudanças na escala e no formato do trabalho podem abrir novas oportunidades, mas precisam ser compatíveis com a realidade econômica das empresas.”

A expectativa para os próximos meses na cidade segue positiva. “Historicamente, os resultados do segundo semestre são bons. A indústria segue contratando para abastecer o mercado de fim de ano. A tendência é que esse ritmo se mantenha até lá”, conclui o professor.

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