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MOC gera empregos, porém salários ainda são baixos; mostra pesquisa

Larissa Durães
Publicado em 10/08/2023 às 19:00.
Disparidade salarial pode ser explicada por meio da carência econômica da região (Prefeitura de Montes Claros/Divulgação)

Disparidade salarial pode ser explicada por meio da carência econômica da região (Prefeitura de Montes Claros/Divulgação)

Uma nova pesquisa realizada pelo Observatório do Trabalho do Norte de Minas (OBTNM), vinculado ao Departamento de Administração da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), mostrou que em junho de 2023, o mercado de trabalho formal em Montes Claros teve um saldo positivo de 354 novos postos de trabalho. No mês, ocorreram na cidade 3.547 admissões e 3.193 demissões. Conforme o levantamento, o saldo positivo de junho foi o melhor resultado dos últimos sete anos analisados pelo OBTNM, com exceção de 2022.

No mês, foram admitidos em Montes Claros 1.920 trabalhadores do sexo masculino (54,1% do total) e desligados 1.773 (55,5%). Foram admitidas 1.627 trabalhadoras (45,9%) e desligadas 1.420 (44,5%).

Os resultados da pesquisa também revelaram que a maioria das contratações ocorreu entre trabalhadoras com níveis mais elevados de escolaridade, substituindo aquelas com menor grau de instrução. Os profissionais mais demandados foram aqueles que possuíam ensino médio completo. 

“É importante fazer o registro da ocorrência de um fato raro de acontecer: em junho, o número de trabalhadoras contratadas com escolaridade maior que o médio completo, ou seja, do superior incompleto à pós-graduação, foi maior que o número de trabalhadoras com apenas o ensino médio completo”, destaca o professor, Roney Versiani Sindeaux.

Esses trabalhadores foram contratados para atuar, principalmente, nas micro e grandes empresas do setor de serviços e nas microempresas, médias e grandes empresas da construção civil, com salários entre 1,01 e 1,5 salário mínimo. Houve também saldo positivo no setor industrial na mesma faixa salarial.

Uma recente adição ao setor de alimentos é Anny Ellen, uma jovem de 19 anos que formalizou seu contrato de trabalho esta semana. Ela relata cumprir uma jornada diária de 8 horas de segunda a sexta-feira, porém mantém a aspiração de prosseguir com seus estudos, visando um dia estabelecer o seu próprio empreendimento. “Vou fazer o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) para terminar o fundamental e depois fazer um curso técnico pra empreender no ramo que trabalho”, conta. Anny diz não achar justo o salário que recebe pelas 8h que dedica a ele. “Acho que deveria ser, no mínimo, o valor comercial de R$ 1.500, mas na carteira está R$ 1.320, e com desconto acabo recebendo R$ 1.174 reais”, diz desolada. 
 
DISPARIDADES
O contador e presidente do Sindicato do Comércio (SindComércio) de Montes Claros, Glenn Andrade, explica que a variação de níveis salariais varia de uma região para outra. “Isto, porque, se pegar o Norte de Minas e fizer um comparativo com outros centros como o do Sul de Minas, que é mais desenvolvido, há disparidades salariais devido a carência da região. Não de Montes Claros, que é uma cidade mais forte e pujante. Mas a região como um todo ainda é carente e isso influência no valor pago aqui na cidade”, explica. 

Segundo ele, o fato de uma cidade do porte de Montes Claros estar inserida em um arco regional mais carente de cidades vizinhas que ainda praticam piso salariais inferiores, influência o aumento salarial dos trabalhadores. “Pois, por não ter tantas oportunidades nelas, acabam vindo para Montes Claros, e aí as cidades mais carentes acabam influenciando na disputa por essa mão de obra e por isso acaba achatando o valor pago ao trabalhador aqui”, informa. 

Para ele a região em que estamos inseridos ainda exerce esse tipo de influência por exercício econômico e cultural também. “Antes, na cidade e na região, nem toda mão de obra era regularizada, registrada, ou seja, existia o subemprego com salários mais baixos e ainda tem uma certa resistência para superar essa forma de tratamento em alguns seguimentos”, conclui. 

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