Em Montes Claros, inadimplentes apontam como grande gargalo a conta de luz
Janete está no sufoco: “Maior dívida é conta de luz (...) meu marido vai trabalhar de bicicleta porque com a alta do combustível as coisas ficaram mais difíceis”
Cerca de 6,3 milhões de pessoas estão endividadas em Minas. É o maior número em três anos, porém menor que a média nacional, segundo levantamento divulgado pela Serasa nesta segunda-feira. Dados mostram ainda que mais da metade dessas dívidas são puxadas por despesas diárias, como água, luz e cartão de crédito.
A feirante Janete Mariana da Silva, de 44 anos, confirma a dificuldade de equilibrar o orçamento. “Nossa maior dívida hoje é a conta de luz, que está muito alta. A gente paga uma e ficam três pra trás”, diz ela, que chegou a ter o fornecimento de energia elétrica cortado pela Cemig. “O cartão de crédito é a nossa prioridade porque assim libera o crédito para usar com as principais compras. Tudo esta caro: remédio, combustível, alimentação e seguimos economizando. A partir do fim do mês meu marido vai passar a ir trabalhar de bicicleta porque com a alta do combustível as coisas se tornaram um pouco mais difíceis”.
De acordo com Serasa, 38,04% dos mineiros acima de 18 anos têm ao menos um débito em aberto, totalizando R$ 23,7 bilhões no Estado. Esse valor representa aproximadamente 9,1% da dívida considerada em todo o país (R$ 260 bilhões).
Telma da Silva Maia, 44, também vive o drama de quem sofre para honrar os compromissos, diante das sucessivas disparadas de preços no país.
“Como sou pensionista, fiz um cartão consignado. Liberam um limite de R$ 1.800 e a gente vai pagando. As coisas estão tão caras que já usei todo o limite e ta difícil ir pagando pelo fato de ter que administrar o dinheiro entre alimentação, contas de luz, água e itens de casa”, lamenta a dona de casa.
“A conta de luz eu já parcelei e não consegui quitar. Tive que ‘reparcelar’. Não sei onde vamos chegar com as contas tão altas e as dívidas acumulando”.
LEVANTAMENTO
Apesar da inadimplên-cia considerável, Minas é o Estado menos endividado da região Sudeste, e o 17º no ranking nacional. O valor médio do débito é de R$ 3.739, abaixo da média brasileira, de aproximadamente R$ 4 mil. Por conta das restrições econômicas da pandemia, a Serasa ainda percebeu aumento médio de R$ 200 nas dívidas do brasileiro em dois anos.
Contas básicas, como água e luz, além de cartões bancários, representam mais de 50% das dívidas no Estado. Entretanto, a empresa alerta que as despesas básicas pesam cada vez mais no bolso da população - pesquisa complementar mostrou que mais de 70% dos brasileiros também usam o crédito para comprar alimentos.
De acordo com o perfil de devedores, 50,6% são homens; 35% têm de 26 a 40 anos. Serasa lançou feirão emergencial “Limpa Nome”. Vai até 31 de março e negociações podem ser feitas pelo WhatsApp (11) 99575-2096.