
O ano de 2024 foi histórico para o empreendedorismo no Brasil, com um aumento de mais de 10% na abertura de pequenos negócios em relação a 2023. Segundo o Sebrae, com base no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da Receita Federal, foram registrados 4.158.122 novos microempreendedores individuais (MEI), microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP).
Esse é o melhor resultado já registrado, superando os 3,94 milhões de CNPJs abertos em 2021 e os 3,78 milhões de 2023. Os MEIs lideraram os registros de 2024, com 3,09 milhões de novos empreendimentos, seguidos pelas microempresas, que somaram 874,1 mil, e pelas empresas de pequeno porte, com 190,5 mil.
Minas Gerais teve um papel significativo nesse cenário. Até novembro, as micro e pequenas empresas (MPEs) foram responsáveis por 68,7% dos novos empregos no estado, com a criação de 142.653 vagas. A região Central liderou a geração de postos de trabalho, seguida pelas regiões do Jequitinhonha, Mucuri (765) e Norte de Minas (596).
No acumulado do ano, as MPEs do setor de serviços foram destaque nacional, com um saldo de 71.625 novas vagas. Outros setores, como comércio (25.380), indústria de transformação (22.346) e construção civil (17.749), também tiveram desempenhos expressivos.
Em Minas Gerais, no mês de novembro, as MPEs do setor de comércio se destacaram, com a geração de 5.777 novas vagas. Desta vez, os pequenos negócios de serviços ocuparam a segunda posição (3.060).
Já as MPEs do setor de construção civil fecharam o penúltimo mês do ano com saldo negativo (-3.724). O cenário não foi diferente para os pequenos negócios de agropecuária (-2.808), indústria de transformação (-153) e extrativa mineral (-98).
Para a analista do Sebrae Minas, Bárbara Castro, o protagonismo assumido pelas MPEs do setor de comércio se deve às contratações temporárias com as compras de final de ano, especialmente por conta de eventos como a Black Friday e o Natal.
Em Montes Claros, o crescimento das MPEs reflete essa tendência nacional, segundo informou Ernandez Ferreira, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, destacando o aumento no número de micro e pequenos negócios. “O crescimento em 2024 foi significativo. Montes Claros tem atraído investimentos de empresas multinacionais, que impulsionam a formalização de profissionais e pequenos negócios ao exigir fornecedores e prestadores formalizados”, explicou. No entanto, Ferreira, não soube informar os dados exatos.
Ele também apontou a importância da qualificação. “Setores como transporte, instalações elétricas e hidráulicas e montagens industriais têm alta demanda por mão de obra formalizada, o que fortalece o mercado local. A conexão entre grandes empresas e pequenos empreendimentos fomenta o empreendedorismo e cria novas oportunidades na região”, afirmou.
A trajetória de Guilherme Ferreira Nunes, microempreendedor de Montes Claros, ilustra esse movimento. Proprietário de um restaurante de pequeno porte, Guilherme viu seu faturamento crescer 200% desde que abriu o negócio. “Em poucos meses, o faturamento passou de R$ 10 mil para cerca de R$ 40 mil. Foi algo que superou minhas expectativas”, comemorou.
Com sete colaboradores, incluindo o próprio Guilherme, o restaurante busca expansão. “Meu objetivo para 2025 é implementar um sistema de self-service para atrair mais clientes. Apesar das dificuldades, vale a pena empreender”, afirmou.
Mesmo sem parcerias formais com grandes empresas, Guilherme reconhece a importância da formalização. “Quero crescer de forma sustentável para aproveitar essas oportunidades no futuro”, concluiu, reforçando o otimismo que marca o cenário do empreendedorismo em Montes Claros e no Brasil.