economia

Metade da ‘Geração Z’ não controla as finanças pessoais

Pesquisa da CNDL e SPC Brasil aponta que 47% dos jovens enfrenta dificuldades nesse aspecto

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 29/05/2024 às 19:00.
Maria Fernanda, 22 anos, é estudante e possui dívidas relativas a materiais necessários para as suas atividades informais e estudos (LARISSA DURÃES)

Maria Fernanda, 22 anos, é estudante e possui dívidas relativas a materiais necessários para as suas atividades informais e estudos (LARISSA DURÃES)

Quase metade dos jovens de 18 a 24 anos, pertencentes à Geração Z, não controla suas finanças pessoais, com 47% enfrentando dificuldades nesse aspecto. Uma pesquisa realizada em maio deste ano pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), SPC Brasil e Sebrae revelou que 37% desses jovens já tiveram o nome negativado. As principais razões para a inadimplência incluem a perda do emprego (24%), a falta de planejamento financeiro ou gastos excessivos (21%), e o empréstimo do nome para terceiros (20%). Além disso, 57% possuem cartão de crédito e as dívidas mais comuns são parcelas de crediário (26%), empréstimos pessoais (21%) e financiamento de automóveis (21%).

Em relação aos hábitos de consumo, 56% admitem ceder a compras impulsivas; 47% perdem a noção dos gastos com lazer e 34% compram produtos populares entre amigos. Cerca de 32% relatam brigas frequentes com familiares devido a gastos financeiros.

Maria Fernanda dos Campos, 22 anos, é estudante e possui dívidas relacionadas a materiais para suas atividades informais e estudos. Ela é artista nas horas vagas e, apesar de ainda depender dos pais, cobre seus gastos pessoais com a venda de sua arte. “No momento, decidi focar em outras atividades e aproveitar o privilégio de ser sustentada pela minha família.” Fernanda acredita que a dificuldade de encontrar emprego é a principal causa das dívidas entre os jovens, e não a má gestão dos gastos. “Recentemente, tentei encontrar emprego e distribuí vários currículos sem sucesso, principalmente em telemarketing”, informa.

Diogo Albuquerque, economista, aponta os desafios enfrentados pelos jovens, sendo eles: a renda, afetada pela inflação pós-pandemia, e a dificuldade dos jovens em acessar o mercado de trabalho devido à inexperiência. “Além disso, a facilidade de acesso ao crédito, especialmente através das mídias sociais, o que pode levar a decisões financeiras precipitadas”.

Para ele, o fato de quase metade dos jovens dessa geração estar endividada não é preocupante no momento. “Essa questão não é tão importante, pois os jovens têm mais oportunidades para cometer erros devido à sua baixa renda. É como um processo de aprendizado na escola, onde os erros são parte do crescimento e do amadurecimento. Não se deve responsabilizar excessivamente os jovens por suas dificuldades financeiras, crescendo vão aprendendo”, acredita Diogo. 

Gabriela Ferreira, 20 anos, considera importante pagar as contas. “Trabalho, mas sem carteira assinada e gosto de pagar minhas contas em dia”, conta. Para ela, não existe justificativa para os jovens da sua geração não quererem pagar as contas. “Tenho cartão de crédito e nem por isso estouro ele todo mês, pelo contrário, consigo controlar minhas despesas, por isso não devo ninguém. Já quem estoura e fica devendo só pode ser por falta de educação econômica tanto em casa quanto na escola”, acredita a estudante.

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