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Economia

Leite bem indigesto

Produto ficou 13,55% mais caro em junho, impactando também no preço dos produtos derivados, como queijos; alta deve persistir até outubro

Larissa durães
Publicado em 07/07/2022 às 23:08.

Manter o leite no dia a dia das famílias, principalmente para quem tem criança, tem sido uma tarefa difícil: litro do longa vida passa de R$ 7 em supermercados de Montes Claros. (LARISSA DURÃES)

O preço do leite das crianças, do bolo, do café e da tradicional canjica de festa junina está assustando o consumidor a cada ida ao supermercado. O produto não para de subir e foi um dos pesos da inflação de junho em Montes Claros.

O produto registrou alta de 13,55% no mês passado e impactou no valor dos queijos – aumento de 12,6% no Minas e de 10,83% no tipo prato. E a perspectiva é a de que o valor continue nas alturas nos próximos meses.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o preço do leite teve uma alta de 30% somente em 2022. A previsão é a de que o produto se mantenha nesse patamar, pelo menos, até outubro.

É quando termina a entressafra – época de menor produção no campo, que, historicamente, começa em março e termina de cinco a seis meses depois.

Neste período, com poucas chuvas e baixas temperaturas, o pasto seca e o volume de leite entregue ao mercado cai, o que provoca aumento de preços.

Com um produto tão comum na mesa do montes-clarense subindo, a inflação também registrou variação positiva – ficou em 0,72% em junho, índice inferior ao 0,93% de maio.

No entanto, o dragão já soma 6,88% no primeiro semestre e 13,77% em 12 meses, castigando o orçamento doméstico.

A pesquisa do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), mostra que, embora a taxa tenha sido um pouco menor, essa redução não foi perceptível aos consumidores.

Isso porque os grupos que tiveram redução de preços – como Vestuário (de 0,78% a 0,69%), Transporte e Comunicação (de 1,24% a -0,87%) e Habitação (de 1,44% a 1,01%) – voltaram ao patamar que estavam anteriormente, que ainda é considerado muito alto.
 
COMBUSTÍVEL
A desaceleração na inflação de junho se deve, principalmente, à queda do etanol e da gasolina nas últimas duas semanas do mês. O que, para a economista Vânia Vilas Bôas, professora do Departamento de Economia da Unimontes e coordenadora da pesquisa do IPC de Montes Claros, não significa grande coisa.

“Os aumentos expressivos no diesel continuam. Sabemos que o modal rodoviário representa quase que 70% do transporte no Brasil. E Montes Claros está em uma região onde grande parte de produtos consumidos vem de fora. Consequentemente, a tendência é que esses produtos, em decorrência do frete, continuem aumentando”, explica.
 
CONTA PESADA
Em junho, segundo pesquisa da Unimontes, a cesta básica ficou 2,64% mais cara em Montes Claros. No ano, o mínimo para alimentar uma família de quatro pessoas custa 16,36% a mais. Com a caristia, o trabalhador gasta mais de 43% do salário com alimentação.

“O leite, isoladamente, subiu 9,84% (saquinho) e 13,55% (longa vida). Isso desencadeia aumento nos preços dos produtos que fazem parte dessa cadeia, como manteiga, margarina, queijos e derivados”, avalia Vânia.

Para o assalariado G.C., que pediu para que não fosse identificado, cada dia que passa a vida fica mais difícil. “A cada dia que vou ao supermercado tem um preço aumentado na cesta básica. Não está dando nem para comprar comida direito”, lamenta.

E o cenário difícil vai continuar, na avaliação da professora Vânia Vilas Bôas. A projeção é de alta para os próximos meses em decorrência de fatores como preço do diesel e entressafra de muitos produtos agrícolas, fazendo com que esses aumentos repercutam no bolso das famílias.

*Com Jáder Xavier, do Hoje em Dia

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