
Cerca de 800 pequenos e médios produtores participaram, na quarta-feira (13), em Montes Claros, do 2º Seminário Mineiro de Irrigação, promovido pelo Governo de Minas. O evento discutiu soluções e tecnologias para ampliar a produtividade no campo e enfrentar a escassez hídrica no Norte de Minas.
A gerente de Sustentabilidade do Sistema Faemg Senar, Mariana Ramos, afirmou que o seminário é “peça-chave para tratar de eficiência de água, energia e gestão”, permitindo planejar a expansão de áreas irrigadas com sustentabilidade. Segundo ela, a iniciativa pode aumentar a produtividade e a renda no Norte de Minas, sem abrir mão da conservação ambiental. “Já temos projetos como Jaíba e Gorotuba que mostram esse potencial, mas ainda precisamos de apoio para superar gargalos logísticos e de energia”, destacou.
A gerente ressaltou a importância da produção de água por meio de ações de conservação do solo. “Nossa maior caixa d’água é o solo. Precisamos adotar práticas mecânicas, edáficas e vegetativas para reter a água quando ela cair, mesmo que pouca. No Senar Minas, temos cursos de construção de terraços, recuperação de nascentes, cercamento de áreas protegidas, recuperação de áreas degradadas, barraginhas e cacimbas (buraco ou poço escavado para encontrar água), que ajudam a manter e manejar a água na propriedade rural”, concluiu.
O evento ganha relevância após a regulamentação da Política Estadual de Agricultura Irrigada Sustentável, que define diretrizes para uso racional da água na agropecuária. Segundo o secretário estadual de Agricultura, Thales Fernandes, a região tem “potencial absurdo de irrigação” e precisa consolidar o uso de novas tecnologias. “Nós consolidamos essa política pública aqui no Norte de Minas, e foi bom que os produtores participaram, porque aqui eles tiveram contato com novas tecnologias, discutiram a questão dos poços tubulares, muito utilizados na região, para potencializar a irrigação”, afirmou. Fernandes reforçou que o seminário será realizado anualmente até que a política esteja plenamente implantada.
O diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca, lembrou que a irrigação é estratégica para superar a escassez de chuvas e organizar a produção. “A atividade agropecuária no estado de Minas Gerais é muito importante para o desenvolvimento econômico e social de todo o estado. E a irrigação tem um papel de destaque nesse processo, porque por meio dessa técnica, nós conseguimos superar alguns desafios naturais da região, como a ausência de chuva em determinados períodos. Então, a gente consegue organizar a produção colocando e disponibilizando água para as culturas no momento exato. Quando potencializamos a irrigação, nós estamos favorecendo o desenvolvimento socioeconômico do estado de Minas Gerais”.
“O Norte de Minas tem em torno de 13 milhões de hectares. São mais de 80 mil propriedades rurais em uma região considerada semiárida, o que significa que não temos disponibilidade hídrica suficiente para produzir alimentos o ano inteiro. A irrigação vem para resolver tecnicamente esse problema”, disse Hilda Loschi, vice-presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros.
*Com informações da Agência Minas