O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Montes Claros, calculado pelo Departamento de Economia da Unimontes, registrou alta de 0,21% em agosto de 2025, abaixo dos 0,30% de julho. Com o resultado, a inflação acumulada no ano chega a 4,14%.
A professora e coordenadora do IPC, Vânia Vilas Bôas, destacou que a desaceleração já vem sendo observada desde maio, puxada principalmente pelos alimentos consumidos em domicílio. “Os preços desses alimentos estão caindo e, além da alimentação, vimos também o grupo vestuário e o grupo habitação com retração. Isso fez com que tivéssemos um resultado tão favorável agora em agosto”, explicou.
Segundo a pesquisadora, itens básicos têm sido determinantes para o recuo da inflação. “Produtos como batata, tomate, óleo de soja, arroz, açúcar e feijão apresentaram reduções de preço, em parte devido ao período de safra, que aquece o mercado e faz os preços chegarem mais baixos ao varejo”, disse. Apesar disso, ela pondera que os valores continuam distantes dos patamares anteriores. “Eles caíram, mas ainda continuam caros, apesar da ligeira diminuição nesses últimos meses”, ressaltou.
A coordenadora explicou que os efeitos do reajuste tarifário ainda não apareceram no índice de agosto, mas projetou impactos a partir de setembro e outubro, sobretudo em alimentos, eletrônicos e produtos importados.
No mês, os gêneros básicos que compõem a Ração Essencial Mínima tiveram leve alta de 0,04%, contra uma queda de 5,21% registrada em julho. A cesta básica em Montes Claros custou R$ 564,80 em agosto, praticamente estável em relação ao mês anterior (R$ 564,60). O valor correspondeu a 37,20% do salário bruto de R$ 1.518,00, restando R$ 953,20 ao trabalhador para demais despesas, como moradia, saúde, transporte e lazer.
Entre os produtos pesquisados, as maiores altas foram registradas na banana-caturra (70,54%) e na margarina (1,90%). Já as quedas ficaram por conta da batata inglesa (-17,39%), tomate (-6,84%), carne bovina (-3,03%), açúcar (-2,83%), arroz-amarelão (-2,67%) e feijão (-1,42%). O leite tipo C, a farinha de mandioca, o pão de sal e o óleo de soja mantiveram os preços estáveis em relação a julho.
O resultado de agosto reflete, principalmente, a safra de alimentos básicos, como feijão, arroz, carne bovina, frutas, batata e tomate, além da influência da queda do dólar sobre os custos de importação.
A consumidora Cláudia Silva contou que percebeu uma leve redução nos preços da cesta básica no mês de agosto. “Abaixou um pouquinho, sim. O arroz, o óleo e o ovo estavam mais baratos”, disse. No entanto, ela afirmou que não notou diferença significativa no preço da carne.
Mesmo com a queda em alguns produtos, Cláudia ressaltou que a alimentação continua comprometendo boa parte da renda familiar. “Pesa. Pesa muito. Eu gasto uns 30% do orçamento só com alimentação”, destacou.
A consumidora explicou ainda que, diante da alta dos preços, costuma optar por alternativas mais acessíveis. “Eu substituo pela marca mais barata, mas não deixo de comprar, não”, afirmou. Segundo ela, o valor que sobra após as compras é destinado a outras necessidades da família.