Aumento indesejado

Inflação em MOC atinge 1,10% em dezembro, maior índice de 2024

Leonardo Queiroz
leonardoqueiroz.onorte@gmail.com
Publicado em 09/12/2024 às 19:00.
“O preço dos alimentos não para de subir, e o básico, como arroz, feijão, carne e leite, já está pesando muito no bolso”, comenta a dona de casa Hilda Sampaio (Leonardo Queiroz)
“O preço dos alimentos não para de subir, e o básico, como arroz, feijão, carne e leite, já está pesando muito no bolso”, comenta a dona de casa Hilda Sampaio (Leonardo Queiroz)

A cidade de Montes Claros encerrou o ano de 2024 com uma inflação de 1,10% no mês de dezembro, a maior do ano. De acordo com o Setor de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), esse valor mostra um aumento importante, comparado aos 0,49% de outubro. A inflação total de 2024 ficou em 6,90%, e nos últimos 12 meses, chegou a 7,63%.

O Grupo Alimentação, que possui o maior peso no orçamento doméstico (29,47%), foi o principal responsável pelo aumento. Em novembro, o segmento registrou uma variação positiva de 3,33%, contribuindo com 0,98% do índice final. “Com este resultado, acumulado no ano de 2024, supera a meta da inflação do Banco Central, que era de 4,5%, tendo sido, em montes claros, esse acumulado de 6,90%”, afirma a economista e coordenadora do IPC da Unimontes, Vânia Vilas Boas. 

“Dos sete grupos que compõem o IPC de Montes Claros, a alimentação liderou demasiadamente a contribuição para o resultado do índice. Tivemos aí uma variação de 3,33% no grupo alimentação, contribuindo para 0,98% do resultado de 1,10%”, completa a economista. 

“A inflação do grupo alimentação foi sentido principalmente por fatores climáticos e pela valorização do dólar. Vimos que as secas deste ano acabaram por atingir algumas safras agrícolas e a pecuária e isso fez com que houvesse um aumento nos custos de produção. Com a questão climática, clima mais seco, os incêndios que ocorreram principalmente na região do Pantanal e Cerrado, a área de pastagem foi reduzida e a produção de insumos usados na criação do gado, como a soja, que reduziu aumentando o preço desse insumo final; o que afetou diretamente o custo da produção de carne e por isso vimos agora no mês de novembro um aumento expressivo nos preços da carne”, explica Vânia. 

“O aumento no preço da carne foi influenciado tanto por fatores climáticos quanto pela maior demanda interna, impulsionada pela economia aquecida, e pela demanda externa, favorecida pela valorização do dólar, que tornou a carne brasileira mais atrativa para exportação. Entre janeiro e outubro, as exportações de carne cresceram 30%, e outros itens básicos, como café, óleo de soja e açúcar, também registraram alta, impactando a cesta básica e penalizando especialmente famílias de baixa renda, que destinam grande parte de sua renda à compra de alimentos. Embora a Black Friday tenha provocado quedas em itens como vestuário e artigos de residência, essas reduções não compensaram a alta nos preços dos alimentos, que devem permanecer elevados, agravados por problemas como a escassez de chuvas no Norte de Minas, afetando produtos como leite, carne e hortifrutigranjeiros” completa a economista.  
 
NO APERTO
“Todo mês está ficando mais difícil fazer as compras. O preço dos alimentos não para de subir, e o básico, como arroz, feijão, carne e leite, já está pesando muito no bolso. A gente tenta economizar, cortar supérfluos, mas parece que o dinheiro nunca é suficiente. É desesperador pensar no futuro assim por a comida ser essencial, e não dá para simplesmente deixar de comprar” explica a dona de casa Hilda Sampaio. 

O IPC de Montes Claros é calculado desde 1982 e serve como indicador da evolução do custo de vida para famílias com rendas entre um e seis salários mínimos. O índice mede a variação de preços de um conjunto fixo de bens e serviços consumidos habitualmente, fornecendo uma referência sobre o poder de compra da população local.

O cálculo tem como base as despesas obtidas na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), que identifica os itens mais consumidos e sua representatividade nas despesas totais. A metodologia compara os preços médios do mês atual com os do mês anterior, por meio de coletas realizadas em 400 estabelecimentos comerciais da cidade.

A pesquisa é conduzida por uma equipe de seis estudantes de economia da Unimontes, que visitam os estabelecimentos a partir do primeiro dia útil de cada mês. O objetivo é verificar as variações nos preços ao consumidor final, abrangendo produtos e serviços essenciais para as famílias.

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