Perda do poder de compra do consumidor deixa lojistas sem perspectivas positivas
Consumidor está focado em gastar com alimentação e o que é essencial (larissa durães)
A inflação em alta pesa no bolso do consumidor, que cada vez mais vê seu poder de compra cair. Mas não é apenas para ele que o fogo do dragão está quente demais. Empreendedores também têm sentido as consequências de um cenário econômico instável, o que impacta nas perspectivas para o restante do ano.
Pesquisa realizada pelo Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon) mostra que o otimismo dos empreendedores está abalado. A confiança dos donos de pequenos negócios em Minas caiu em maio, fechando em 114 pontos – sete a menos do que o registrado em abril.
Tanto a avaliação dos empreendedores sobre o momento atual quanto as expectativas para o médio prazo pioraram. Os motivos dessa avaliação, para o presidente da Associação do Comércio em Montes Claros (Sindcomércio), Glenn Andrade, são as restrições dos consumidores e planejamento financeiro apertado das famílias.
“A população está focada em gastar em alimentação e despesas do lar, pois é o essencial para manutenção das famílias”, analisa. Como consequência, o comércio como um todo caiu. Para Glenn, as pessoas estão deixando de consumir aquilo que não for essencial.
QUEDA GERAL
A pesquisa mostra que a queda de confiança ocorreu em todos os setores, mas o Comércio foi o que registrou a maior variação negativa, de nove pontos – de 125 para 116. A menor variação da confiança foi registrada na Construção Civil, que fechou maio com um Iscon de 117 pontos, dois a menos que em abril. Já a Indústria ficou em 114, uma queda de cinco pontos; e o setor de Serviços marcou 112 pontos, sete abaixo do registrado no mês anterior.
“O poder de compra do consumidor é praticamente o mesmo, mas os preços não param de subir. Isso faz com que as pessoas mantenham o orçamento da família no mesmo patamar, sem conseguir acompanhar a alta dos preços”, ressalta Glenn.
A analista do Sebrae Minas Paola La Guardia vai além. Ela aponta que , durante o primeiro trimestre deste ano, embora o Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro tenha crescido, os investimentos produtivos caíram 3,5%, afetando o crescimento no longo prazo. “Menos investimentos, menos qualificação, produtividade e inovação”, acrescenta.
Apesar do cenário de menor confiança, o presidente do SindComércio afirma que, historicamente, o segundo semestre é melhor. “Acreditamos que no segundo semestre a coisa pode retomar. Isto se os índices de Covid forem controlados. Se não, vai haver uma retração na movimentação e aglomeração de pessoas que levam ao consumo. Vai haver mais insegurança ainda”, admite.
O Iscon varia entre 0 e 200 pontos. Um resultado acima de 100 pontos indica tendência de expansão da atividade; igual a 100, tendência de estabilidade e, menor que 100, tendência de retração.