
A inflação voltou a subir em Montes Claros no mês de março. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-MOC) atingiu 0,64%, levemente acima dos 0,60% registrados em fevereiro. Com isso, o acumulado do ano já chega a 1,21%, segundo o Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), responsável por acompanhar o custo de vida das famílias da cidade.
Dos sete grupos que compõem o IPC, cinco apresentaram variação positiva: alimentação; saúde e cuidados pessoais; habitação; artigos de residência e serviços domésticos; e educação e despesas pessoais. Já transportes e comunicação e vestuário registraram queda.
O grupo alimentação teve o maior impacto no índice, com alta de 2,21% e contribuição de 0,65 ponto percentual no resultado geral. Os principais vilões foram café (9,08%), tomate (14,42%) e açúcar, que vêm pressionando a inflação há meses.
“A cesta básica acompanhou a variação do IPC. Tivemos uma alta de 1,74%, mesmo com alguns produtos em queda. O aumento do tomate, do café e do açúcar fez com que a cesta registrasse esse percentual”, explica a coordenadora do IPC-MOC, professora e economista Vânia Vilas Bôas.
Com o aumento, a cesta básica, composta por 13 itens, passou a custar R$ 589,96, representando 38,86% do salário bruto de um trabalhador que recebe R$ 1.518. Em fevereiro, o gasto era de R$ 579,83. Após a compra, restam R$ 928,04 para outras despesas, como moradia, saúde e transporte.
De janeiro a março, os maiores aumentos acumulados foram no tomate (13,84%), café (8,47%), batata (5,12%) e açúcar (1,63%). Já o arroz-amarelão (-2,70%), a carne bovina (-1,20%) e o óleo de soja (-0,58%) tiveram queda. Leite tipo C, farinha de mandioca, pão de sal e margarina mantiveram preços estáveis.
A expectativa para abril, segundo a professora Vânia, é de alívio: “A entrada da safra, principalmente de hortifrútis e legumes, além da chegada de produtos com Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) zerado aos supermercados, pode resultar em preços mais acessíveis para o consumidor final”.
Ainda no grupo alimentação, outras altas expressivas foram observadas em itens como manga (33,97%), berinjela (14,86%), vagem (12,98%), melancia (12,32%), pimentão (10,67%) e repolho (10,51%). Entre os alimentos com queda, destacam-se chuchu (-27,42%), beterraba (-10,42%) e goiaba (-9,05%).
No grupo saúde e cuidados pessoais, a inflação foi de 0,68%, puxada por radiografias (14,41%), antitérmicos (5,22%) e suplementos alimentares (4,29%). Em contrapartida, antidepressivos (-4,20%), álcool (-5,01%) e enxaguante bucal (-4,06%) ficaram mais baratos.
Os grupos habitação e artigos de residência e serviços domésticos tiveram alta de 0,15% cada. Educação e despesas pessoais subiram 0,26%. Já os Transportes e Comunicação registraram queda de 0,17%, e o Vestuário, de 1,83%.
O pedreiro Ebert Oliveira sente na pele os efeitos da alta. “A carne, o tomate, os ovos. Tudo caro”, comenta. Ele precisou adaptar os hábitos de consumo. “Tive que substituir muita coisa. Café mesmo, pego o chá. Nem mudei a marca, mudei foi o produto mesmo. Cortei o café”, relata.
Para fazer o dinheiro render, recorre a estratégias simples. “Faço carne na verdura, no macarrão”, explica. E completa: “Pesquiso os preços em estabelecimentos diferentes”.
Ebert considera os preços abusivos e não tem muitas esperanças de melhora a curto prazo. “Está mais alto, aumentou muito. Muita coisa. Se vai melhorar, eu não sei não. A solução eu não sei não”, conclui.