ECONOMIA

Famílias estão cada vez mais endividadas

Em MOC, CDL aponta 183.812 indivíduos endividados até o final de abril de 2023.

Larissa Durães
Publicado em 11/05/2023 às 20:00.
78,3% das famílias brasileiras estão com dívidas (em atraso ou não) (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

78,3% das famílias brasileiras estão com dívidas (em atraso ou não) (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na última quinta-feira (4), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apontam que 78,3% das famílias brasileiras estão com dívidas (em atraso ou não). Com previsão de que suba para 78,4% em junho. Em Montes Claros, a Câmara de Dirigentes Logísticas (CDL) tem números que mostram que até no final de abril de 2023, na cidade os 183.812 indivíduos estavam endividados.

A pesquisa mostra que os mais endividados são da classe média: aqueles que têm contas ou dívidas em atraso, chegou a 29,1%; e aqueles que não terão condição de pagar suas dívidas são 11,6%. Do total de consumidores endividados, 86,8% têm dívidas no cartão de crédito e 9% com crédito pessoal.

“Não vou pagar”, diz uma empreendedora e mãe de duas crianças, que não quis se identificar. Ela alega que fazer dívida é inevitável. Entretanto, pagar o que não deve, não aceita. “Esses juros que colocaram não são honestos. Não vou pagar o que não devo. Não vou pagar o que nos cobram de forma arbitraria”, afirma. A.C, que também reclama dos juros abusivos. “Vou esperar eles proporem um acordo ou decidirem abaixar esse absurdo que está aí hoje”, declara.
 
SOBE E DESCE
Para o presidente do Sicoob Credinosso, Marco Túlio Pimenta, o que as pessoas devem entender é que a economia está em um ciclo, ela sobe, tem um ápice, depois desce e depois sobe novamente. “Então, quando começou a descer a ladeira do ciclo, começou a ter uma inflação. Isso devido a procura por produtos. Então, o Banco Central (BC) que é independente, diante disto, aumenta a taxa de juros básico para ninguém pegar dinheiro”. Segundo ele, então, o endividamento não é o problema. “O problema é o custo deste endividamento hoje”, acredita. 

Após o BC optar por manter os juros básicos da economia em 13,75%, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, caiu de 6,05% para 6,02% este ano.

Ele destaca o fato de que o salário é baseado na inflação e não na Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). “A Selic é a maneira que tem para evitar que as pessoas venham adquirir as coisas financiando e fazendo as coisas subirem”, explica. “Então, quando sobe os preços das coisas sobe a inflação, e o salário não acompanha. E traz a pobreza”, declara. 

A solução que o presidente da cooperativa dá às famílias é para que elas consigam diminuir as suas dívidas, e não se endividarem mais. “A família tem que fazer uma educação financeira, se não tem dívida, não faça dívida. Se tem, não endivide mais”, pondera Marco Túlio.  

Entretanto, A.C. diz que se surgir uma emergência, não tem como não se endividar ainda mais. “Posso abrir mão do supérfluo, mas se precisar me endividar ainda mais para sanar uma emergência, não penso duas vezes, me endivido ainda mais”, completa. 

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