ECONOMIA

Estudo revela uso excessivo de cartões de crédito

Fecomércio-MG mostra que 16 milhões de brasileiros carregam mais de três cartões

Larissa Durães
Publicado em 05/09/2023 às 19:00.
Segundo especialistas, o uso inteligente do cartão de crédito é essencial devido aos altos juros rotativos (pexels)

Segundo especialistas, o uso inteligente do cartão de crédito é essencial devido aos altos juros rotativos (pexels)

Uma análise feita pelo Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, divulgados na última segunda-feira (4), mostra que o uso do cartão de crédito e a prática de parcelamento sem juros se tornaram uma parte significativa do consumo no Brasil — com 16 milhões de brasileiros carregando mais de três cartões de crédito em suas carteiras; mesmo com a alta taxa de juros no cartão de crédito rotativo, que atingiu 445,69% ao ano em julho.

“Primeiro, é muito bom saber que esse número de pessoas já está participando do sistema financeiro e não está à margem do sistema financeiro”, comenta o diretor e presidente do Sicoob Credinosso de Montes Claros, Marco Túlio Góes Pimenta. Que considera também muito bom o fato de o sistema financeiro ter crescido tanto, quanto meios digitais, como bancos digitais e, por isso, atingindo uma gama maior de população que sai da marginalidade financeira e, hoje, inserida no mercado financeiro e conquistando todos os produtos que o mercado pode oferta. 

Para ele, possuir cartão de crédito não é um problema. “Então, também é uma opção bacana. E se tiver três cartões, ela vai olhar o melhor dia e fazer uma gestão disto e está tudo bem. Até aí tudo bem”, acredita o diretor.

Já a questão dos juros, segundo Marco Túlio, é importante frisar que “o cartão não é uma linha de crédito para a pessoa pegar, é um meio de compra”. Então, de acordo com ele, “quando se paga juros de 445,69% no cartão de crédito, significa que já deu tudo errado”, afirma. 

“Primeiro, a maioria das instituições financeiras cobram tão caro que é justamente para que a pessoa não use aquilo como forma de parcelamento. Sabe quando tem um estacionamento na porta de uma farmácia e eles cobram R$ 15 a hora? É para não usar. Com juros assim, é a mesma coisa, não é para usar o cartão”, observa. 

O diretor acredita que para mudar esta realidade no Brasil, as escolas deveriam investir na educação financeira dos alunos. “A criança deveria entender sobre o cofrinho, a gestão dos seus próprios recursos e ter aulas disso, aulas de empreendedorismo, aulas de gestão financeira” pondera. “Eu acho que o sistema financeiro evoluiu mais rápido do que a educação evoluiu no sentido financeiro. Assim como está, não é bom nem para quem possui tantos cartões, nem para os bancos”, conclui Pimenta.

O parcelamento sem juros é uma modalidade que atrai os consumidores, mas também pode levar a problemas de endividamento se não for gerenciado adequadamente. Como a pedagoga, Maria Francisca da Silva, que possui quatro cartões de crédito e muita dor de cabeça. “Infelizmente, tenho a necessidade de fazer o uso, e por isso, acabo adquirindo sem pensar nas conse-quências.” As consequên-cias, segundo ela “são perder o controle da vida financeira que se torna uma bola de neve e chega um ponto que não dá para pagar. Porque não conseguimos conciliar as prestações dos cartões e aí se perde o controle completamente e a gente para de ter sonos tranquilos”, diz desanimada. 

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