Para economistas, redução da taxa de juros deve ser avaliada com responsabilidade.
Momento ainda não é de “oba-oba”, alerta presidente do SindComércio de MOC (freepik)
A divulgação do comunicado na última semana pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, informando uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 13,75% ao ano para 13,25%, foi recebida pela população com grande satisfação. Diante desse cenário, muitos já começaram a cogitar a possibilidade de realizar projetos de grande significado, como adquirir uma casa nova ou finalmente realizar o sonho de ter um carro novo.
Entretanto, especialistas alertam que a boa notícia deve ser avaliada com cautela, como explica o economista Diogo Albuquerque. Para ele, será mais interessante para a população puder esperar um pouco mais para adquirir uma dívida, empréstimo ou financiamento. “Somente se o caso for excepcional para se endividar. Mas com a taxa de juros atual não é um bom negócio”, avisa o economista.
Segundo Diogo, é melhor esperar a taxa de juros continuar cair, já que começou, após ter passado três anos no patamar mais alto. O último corte aconteceu em agosto de 2020, quando a autoridade monetária definiu a queda para Selic a 2,0%, mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19. “Entendo que esse é o momento de o empresário ganhar dinheiro, do trabalhador viver bem. Contudo, é muito importante também as famílias e os empresários pensarem que os momentos bons podem passar. Pois, temos que lembrar que estamos saindo de uma crise, então é bom não exagerar e sempre poupar algum percentual da renda para momentos de crise que vai voltar com certeza”, alerta Diogo.
Mesmo parecendo, o economista não é pessimista, somente cauteloso, pois, para ele, essa redução da taxa de juros, a Selic, que baseia as demais taxas, vai dar um impulso a mais na economia. “Essa redução vai incentivar e estimular mais os empresários a colocarem mais dinheiro nos seus negócios e assim fabricar, fazer e produzir mais bens de serviços para a população”, ressalta.
Quem também está cauteloso com a notícia é o presidente do Sindicato do Comércio em Montes Claros (SindComércio), Glenn Andrade. Mesmo que essa redução vá refletir no aumento do consumo e no aumento das vendas, é sempre bom alertar para que se mantenha um consumo consciente, pois, “o consumo exacerbado pode levar ao endividamento, causando assim consumidores colapsados e empresas com faturamentos muito baixo”, avisa.
Para Andrade, essa taxa tem que cair e muito ainda. “Por isso, não abusar do excesso de confiança e do ‘oba-oba’, pois, já passamos por isso e pecamos por um consumismo exagerado”, alerta.
Já para a economista Paula Cares Bustamante, o impacto direto dessa medida na vida da população vai depender também das condições locais e individuais em Montes Claros. “Por exemplo, pessoas com dívidas podem se beneficiar com taxas de juros menores, enquanto investidores podem ter que buscar outras opções para obter retornos satisfatórios”, acredita.