Crise leiteira

Entidades debatem medidas estaduais para conter importações de leite

Da Redação
Publicado em 04/04/2024 às 19:00.
Ronei Volpi, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, enfatizou a importância da união do setor agrícola e da mobilização das federações estaduais para alterar a situação de baixos preços do leite e custos de produção elevados (DIVULGAÇÃO)

Ronei Volpi, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, enfatizou a importância da união do setor agrícola e da mobilização das federações estaduais para alterar a situação de baixos preços do leite e custos de produção elevados (DIVULGAÇÃO)

A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) se reuniu, nesta última quarta-feira (3), para discutir as medidas adotadas pelas federações estaduais para mitigar os efeitos das importações de leite.

Nos últimos meses, a CNA tem incentivado os estados a se mobilizarem, junto com outras entidades do setor lácteo, contra o aumento do volume de importação de leite subsidiado, principalmente da Argentina. 

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Alexandre de Aguiar Rocha, a cadeia leiteira do Norte de Minas é muito grande, e todos estão passando por dificuldades. “Não estamos tendo dinheiro nem para comprar ração para o rebanho”, lamenta.

Marcelo Brant, pecuarista da região, aponta que a proibição das importações seria a melhor medida para resolver a crise enfrentada pelos produtores de leite. “Muitos produtores já foram obrigados a vender rebanhos e equipamentos. Atualmente, o que mantém o fluxo de caixa em minha propriedade são cultivos alternativos como quiabo, maracujá e tomate-cereja. A concorrência desleal com produtos importados e subsidiados torna inviável qualquer investimento na cadeia produtiva”, revela.

Em Minas Gerais, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e o governo do estado assinaram o manifesto “Minas Grita pelo Leite”, para apoiar os produtores na atividade. Uma das medidas anunciadas foi a elevação de alíquota de 0% para 12% aos importadores de leite em pó e de 2% para 18% na venda de produto fracionado.

O presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, afirmou que o setor continua pressionando o governo em busca de ações de defesa comercial. “Apesar da ligeira retração nas importações de leite em pó, ainda estamos sentindo os reflexos. Então não vamos afrouxar a corda, vamos continuar atentos e unidos a favor dos produtores”. 

O diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, anunciou que a entidade está elaborando um estudo para a aplicação de direitos antidumping à Argentina, com o objetivo de proteger o setor lácteo nacional. “Nós sabemos das dificuldades dos produtores, então precisamos ter estratégias e atuar em conjunto para alcançar o sucesso dos pleitos. A reunião de hoje mostra justamente isso, a atuação coordenada do setor em todo país”.

O presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi, destacou que a mobilização das federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção. “Nós vamos realizar quantas reuniões forem necessárias para acompanhar a atuação nos estados e não deixar nenhum produtor desamparado”.

Durante a reunião, o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, Guilherme de Souza Dias, falou sobre a atuação do colegiado e o mapeamento do tema nos estados e apresentou o resultado das importações de leite em pó no primeiro trimestre do ano.

“As projeções das importações até a quarta semana de março indicam a importação de 163 milhões de litros. Apesar do volume ainda elevado, as medidas pleiteadas pela CNA vêm mostrando resultado, haja vista a queda de 9,5% em relação a fevereiro e de 19% se comparado ao mesmo volume em março de 2023”, explicou Dias.

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