O empreendedorismo feminino cresce em Minas Gerais: oito em cada dez empreendedoras dependem de seus negócios como principal fonte de renda, segundo o Sebrae Minas. A pesquisa de fevereiro de 2025 com 549 mulheres revela que 55% são proprietárias de microempresas ou empresas de pequeno porte. A maioria tem entre 31 e 50 anos, é casada e mãe. Além disso, 30% geram empregos e quase metade fatura mais de R$ 5 mil mensalmente.
A pesquisa também revelou que 93% das entrevistadas iniciaram suas atividades por conta própria e que 41% dos negócios comandados por elas estão no mercado há mais de três anos, demonstrando uma taxa de sobrevivência relevante. “Os dados confirmam a presença massiva de mulheres maduras no empreendedorismo que veem o negócio próprio como uma forma de garantir autonomia e segurança financeira”, afirma o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva.
As empreendedoras mineiras, apesar de resilientes, enfrentam desafios como falta de conhecimento em gestão (62%), dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional (40%), e acesso limitado ao crédito (41%). A pesquisa também indica que 58% não tiveram acesso a cursos ou mentorias, o que pode restringir o crescimento dos negócios. Em contrapartida, a digitalização avança: 73% usam canais digitais para vendas, e 30% operam exclusivamente online, destacando-se pelo uso estratégico do marketing digital. “Esse comportamento mostra como elas estão atentas às mudanças do mercado e às novas demandas dos consumidores”, reforça Silva.
Entre as mulheres que superaram desafios para empreender está Tatiane Gonçalves Cruz, proprietária de uma autoescola, em Montes Claros. Mãe de dois filhos, Tatiane atuou como professora por 16 anos antes de se dedicar à gestão do seu negócio. Ela iniciou sua trajetória no setor em 2013 como gerente e, em 2022, tornou-se a única proprietária do negócio, que hoje emprega 25 colaboradores.
A liderança, segundo Tatiane, foi um dos maiores desafios. “É uma tarefa muito grande ser uma líder, passar confiança, motivar e entender as dificuldades e potencialidades de cada um. Liderar não é fácil, é uma tarefa árdua, mas também, ao mesmo tempo, gratificante, principalmente quando conseguimos alcançar os nossos objetivos, como realizar os sonhos dos nossos alunos com a aquisição da habilitação”, relata.
Para superar esse obstáculo, buscou capacitação oferecida pelo Sebrae Minas. “Passei a acreditar mais no meu potencial e a enfrentar os desafios com mais coragem. Para mim, o mais complicado é o gerenciamento de pessoas. São 25 colaboradores com perfis diferentes, com pensamentos diferentes. Então, acomodar, ajustar, tudo isso não é fácil. A gente tem que manter a motivação entre eles e, ao mesmo tempo, resolver os conflitos internos, temos que tomar decisões sem autoritarismo, mas com exigência e empatia. Resumindo, ter o equilíbrio.”, destaca.
Minas Gerais é o segundo estado com maior número de negócios liderados por mulheres no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Segundo levantamento do Sebrae Minas, baseado em dados da Receita Federal, 40,9% dos pequenos negócios mineiros são geridos por mulheres, representando 897.481 empresas.