economia

Em MOC, El Niño causa oscilação na inflação de março

Pesquisa revela pressão nos preços alimentícios e aumento na cesta básica de 8,97%

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 05/04/2024 às 19:00.
Os habitantes de Montes Claros enfrentam dificuldades para equilibrar o orçamento familiar devido aos preços elevados (LARISSA DURÃES)

Os habitantes de Montes Claros enfrentam dificuldades para equilibrar o orçamento familiar devido aos preços elevados (LARISSA DURÃES)

A pesquisa do Setor de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Unimontes revelou uma inflação ligeiramente menor em relação a fevereiro, caindo de 0,76% para 0,59% em Montes Claros. Apesar da queda nos preços da alimentação em relação ao mês de janeiro, especialmente em produtos naturais e hortifrútis, ainda assim, os preços permanecem elevados, com alguns produtos dessa categoria sofrendo aumentos que ultrapassam os 50%.

Vânia Vilas Bôas, economista e coordenadora do IPC, atribui isso às condições climáticas adversas durante o verão, as quais impactaram tanto a qualidade quanto a quantidade dos produtos. “O aumento significativo nos preços da cesta básica, são atribuídos principalmente às condições climáticas desfavoráveis, como o El Niño, e aos aumentos expressivos em itens básicos como feijão (2,01%) e arroz-amarelão (3,41%)”, explica.

Segundo a pesquisa, o Grupo Alimentação, componente mais significativo do orçamento doméstico, registrou um aumento positivo de 1,91% em março de 2024, contribuindo com 0,56% para o índice geral da cidade. Com esse resultado, a Cesta Básica acumula alta de 8,97%. Em 2023, neste mesmo período, a Cesta Básica acumulou queda de -5,87%.

Enquanto isso, os montes-clarenses enfrentam desafios para manter o orçamento doméstico diante dos preços elevados, como é o caso de Ivone de Almeida, comerciante e mãe de duas crianças, que expressa sua preocupação com os altos preços dos alimentos. Ela relata dificuldades crescentes ao comprar verduras e legumes no sacolão, onde os preços estão cada vez mais altos. “Não sei como vou continuar a alimentar minha família com esses preços altos como estão. Vou no sacolão pra comprar verduras e legumes, e cada vez saio com menos tanto no que diz respeito aos produtos quanto no que diz respeito ao dinheiro. Tá difícil”, relata a comerciante.
 
RENDA
Em março de 2024, um trabalhador local com renda bruta de R$ 1.412,00 gastou 40,03% de seu salário na compra da cesta básica, que custou R$ 565,17, em comparação com os R$ 552,35 do mês anterior. Após a compra da cesta, sobraram R$ 846,83 para outras despesas, como moradia, saúde, lazer e transporte.

Segundo Vânia, desde o final de 2023, os alimentos frescos têm exercido pressão sobre a inflação devido à sazonalidade e às condições climáticas do verão. Com isso, ela ressalta a importância dos consumidores realizarem pesquisas de mercado e procurarem promoções nos estabelecimentos. “Os preços variam significativamente, chegando a até 40% em dias específicos. E é bom escolher produtos da estação para poder economizar”, avisa.

Para Vânia os preços irão melhorar com a chegada da nova estação. “Com a entrada do outono, a gente espera uma melhoria nas condições climáticas, o que pode levar a preços mais favoráveis, principalmente em itens de safra”, acredita a economista.

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