
O uso de drones na agricultura revoluciona como os produtores rurais do Norte de Minas lidam com a pulverização aérea, o mapeamento de áreas e a gestão das lavouras. A busca por tecnologia e eficiência tem levado cada vez mais agricultores a investir em capacitação: até setembro deste ano, mais de 500 produtores participaram de cursos oferecidos pelo Sistema Faemg Senar, número 12% superior ao registrado em todo o ano de 2024.
As aeronaves se consolidaram como ferramentas essenciais, reduzindo custos e ampliando a sustentabilidade. O produtor Fabrício Viana, de Januária, que cultiva pimentas e tomates para exportação, relatou ganhos significativos. “O uso do drone fez diminuir mais de 50% do volume de aplicações e quantidade de produtos usados, preservando mais a nossa biota. Ele permite pulverizar no momento certo, quando o trator não teria condições de entrar no solo, evitando perdas de produtividade”.
Em Janaúba, o pecuarista Fernando Henrique Ribeiro Júnior, que possui mais de 200 animais, incorporou a tecnologia em diferentes etapas da produção. “O drone facilita a demarcação de terrenos, medições, georreferenciamento e até o planejamento para novos plantios. Na última terra que compramos, identifiquei a área real para investimento e planejei as divisões de cerca a partir do mapeamento aéreo”.
O instrutor do Senar Minas, Raphael Versiani, destacou que o uso de drones torna a aplicação mais precisa, reduz desperdícios, evita danos às plantas, preserva o solo e aumenta a sustentabilidade, resultando em manejo mais eficiente e produção mais rentável.
O engenheiro-agrônomo e produtor de banana Matheus Procópio de Souza, da Secretaria Municipal de Agricultura de Nova Porteirinha, reforça que a tecnologia tem impacto direto na sustentabilidade e no bolso do agricultor. “O drone contribui na otimização de caudas, ajuda a preservar o meio ambiente e reduz custos. Por ser uma tecnologia nova, o curso de drone oferecido pelo Senar capacita os produtores para fazer a aplicação correta, com mapeamentos precisos, volume adequado e regulação de pressão dos bicos. Isso vem somando e vai somar cada vez mais para quem está no campo”.
O piloto agrícola Lucas Maciel afirmou que o uso de drones na pulverização aérea tem crescido rapidamente, com maior confiança dos produtores na eficiência da tecnologia. Segundo ele, além de aumentar a produtividade e reduzir amassamentos, os drones utilizam de 10 a 15 litros de calda por hectare, contra mais de 250 litros dos métodos convencionais, garantindo aplicação mais concentrada. “A tecnologia ainda reduz em até 90% o consumo de água, não emite combustíveis por ser elétrica e diminui os custos de manutenção em relação aos tratores”, afirmou.
Maciel ressaltou que ainda há falta de informação entre produtores sobre o uso correto de drones na pulverização, além de escassez de pilotos qualificados. “Não basta operar o equipamento, é preciso conhecimento técnico sobre preparo da calda, condições climáticas e ajustes de aplicação e todos os drones devem estar cadastrados no Ministério da Agricultura e operar dentro das normas do espaço aéreo”, concluiu.
