Quase 68 milhões de brasileiros, representando cerca de 41% da população, estão enfrentando problemas de inadimplência (FREEPIK)
Em março de 2024, o número de inadimplentes no Brasil aumentou em comparação com o ano anterior, atingindo 67,18 milhões de pessoas, representando 40,89% dos adultos; conforme pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A faixa etária mais afetada é de 30 a 39 anos, com 48,67% negativados, cada um com uma média de R$ 4.397,99 em dívidas, principalmente para bancos, que concentram 64,40% das dívidas. Além disso, cerca de 30,92% têm dívidas de até R$ 500, e 44,94% têm dívidas de até R$ 1.000. As dívidas em atraso cresceram 4,91% em relação a 2023.
Em Montes Claros, a inadimplência permanece quase inalterada, analisa Ernandes Ferreira, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas local, que observou uma diminuição de 1% em comparação a março de 2023.
“Estes dados foram obtidos através do nosso sistema de dados do ESPC Brasil, com base nos registros aqui na cidade. Observamos que a economia local está enfrentando uma redução no emprego, embora haja muitas vagas em aberto em diversos setores. Além disso, a economia da região tem prosperado devido ao desenvolvimento em várias áreas, como a produção de lítio em Salinas e o avanço da energia solar em Janaúba e Jaíba, entre outras regiões. Montes Claros tem atraído novas indústrias, resultando em obras movimentadas e um setor hoteleiro ativo. Acreditamos que o crescimento econômico local impacta positivamente toda a região, dada a posição central de Montes Claros e tudo isso contribui para essa queda na inadimplên-cia”, informou Ferreira.
O presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), José César da Costa, prevê uma melhoria lenta na inadimplência. “Desde a pandemia as famílias se endividaram muito e ainda estão se reequilibrando. Os consumidores estão voltando aos empregos formais, mas ainda com renda mais baixa e com muitas contas atrasadas a serem pagas. Essa é uma situação que demora a se ajustar”, destaca o presidente.
ENDIVIDAMENTO
L.G.S., 33 anos, trabalha em telemarketing. Ela enfrenta dificuldades para quitar os R$ 64 mil atuais do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES), o que a impede de realizar o sonho de adquirir uma casa própria. “Esse valor não está atualizado com os juros e correção monetária desse período em que eu não paguei. E com a negociação, eu espero que esse valor caia bastante, que eu consiga quitar este ano ainda”, explica.
“Carrego essa dívida logo após a minha separação, porque senti a necessidade de refazer a vida, por isso voltei a estudar com o FIES aprovado a 100%. Mas comecei fazendo um curso e decidi mudar depois de um período e um pouquinho, e fui para outra cidade para trabalhar e ganhar melhor, fiquei lá dois anos. Com isso, o FIES correu frouxo, porque para trancar só com um ano, que são dois períodos. E aí teve as taxas que foram aumentando e quando voltei, a dívida tinha aumentado, os juros tinham aumentado”, lamenta.
“A gente imagina que quando se forma na faculdade, você vai ter um salário suficiente para poder pagar o FIES. Até hoje, eu não consegui pagar o FIES, nem uma mensalidade; até hoje, eu não paguei com o que ganho”, conta L.G.S.. Ela conta que tentou negociar várias vezes e até queria pagar, mas estava sem trabalho na época. “Então, não consegui fazer o pagamento e tenho esperança agora de ter uma nova negociação para eu conseguir fazer esse pagamento”, diz esperançosa.
Até o final deste ano, L.G.S. espera quitar as dívidas. “Até mesmo porque eu pretendo adquirir um imóvel, uma casa, e como eu pretendo pagar, então eu pretendo fazer uma negociação com o banco, através das possibilidades que eu tenho de pagar, para que eu possa quitar as dívidas e limpar o meu nome”, diz decidida.