IPC da Unimontes indica que cesta básica consumiu 38,12% da renda familiar
Economista aponta alimentos como principal fator do aumento do índice, com contribuição de 0,37% (LARISSA DURÃES)
O custo de vida para os trabalhadores de Montes Claros teve uma nova alta em outubro de 2024, segundo levantamento do Setor de Índice de Preços ao Consumidor do Departamento de Economia da Unimontes. A pesquisa registrou um aumento de 0,49% no índice de preços ao consumidor (IPC) em outubro, ligeiramente superior ao índice de 0,45% de setembro. Com o resultado, a inflação acumulada no ano chega a 5,74%, enquanto nos últimos doze meses o índice já atinge 6,81%.
“Esse aumento foi impulsionado principalmente em decorrência do grupo alimentação, que sozinho contribuiu com 0,37% para o resultado do índice, bem como o grupo habitação, que teve uma grande variação de 0,21%. Estes dois grupos podem ser chamados de vilões da inflação em outubro de 2024 na cidade de Montes Claros”, afirma a economista Vânia Vilas Bôas.
“Nos alimentos, o aumento foi expressivo, especialmente em itens industrializados como óleo de soja, que teve um reajuste superior a 8%, e queijos, que seguem em alta devido à entressafra do leite. Também houve aumento significativo nas frutas, como a laranja, que subiu quase 40%, além de tubérculos como batata e itens como carne bovina”, explica a economista.
Além disso, a cesta básica registrou um aumento de 2,63% em outubro, pressionada pelos preços elevados dos alimentos essenciais. “O aumento da inflação impacta diretamente o orçamento familiar, tornando cada vez mais difícil sustentar as necessidades básicas”, alerta a economista. Apesar de os grupos saúde e educação apresentarem variações negativas, seu peso menor não foi suficiente para amenizar o impacto da inflação.
GASTOS ALTERADOS
A alta nos preços dos produtos essenciais tem afetado diretamente a rotina de compras das famílias de Montes Claros, como Natália Aparecida Miranda, operadora de caixa. Ela relata que, nos últimos meses, os preços dos itens básicos subiram significativamente, forçando sua família a ajustar seus hábitos de consumo. “Está muito alto, e a gente teve que reduzir bastante as compras”, explica Natália, que mora com mais três adultos na residência.
Entre os produtos que mais impactaram o orçamento familiar, ela destaca o café, o açúcar e o arroz. “Antes comprávamos cinco pacotes de café, agora compramos quatro. O arroz, que comprávamos em três pacotes, agora é só dois”, conta.
O aumento no preço da carne também não passou despercebido e a mudança de marcas, buscando opções mais baratas, também se tornou uma estratégia comum para a família.
A operadora de caixa estima que, em média, a família tenha enfrentado um aumento de cerca de 10% nos preços dos produtos essenciais. “Mesmo com todos os membros da casa trabalhando, a pressão sobre o orçamento é visível. A conta de luz, a água, tudo subiu, e a gente sempre tem que ajustar”, lamenta.