Moradores de Porteirinha e Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais, participam de cursos de manipulação e cosmetologia de produtos apícolas, promovidos pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) através do “Projeto Amanhã”. O objetivo é fortalecer o Arranjo Produtivo Local (APL) da Apicultura, gerando renda e desenvolvimento regional, com foco na inclusão de mulheres e jovens. Cerca de 50 pessoas aprendem a produzir itens como xampus e sabonetes, com apoio local em cada município. A iniciativa visa agregar valor aos produtos das abelhas e diversificar a renda das famílias apícolas.
Em Porteirinha, a capacitação conta com apoio da Associação dos Apicultores de Porteirinha (Apiport) e da prefeitura local; já em Bocaiuva, a ação é realizada em parceria com a Cooperativa dos Apicultores e Agricultores Familiares do Norte de Minas (Coopemap).
Segundo Marco Câmara, superintendente regional da Codevasf em Minas Gerais, esta é a primeira vez que a região recebe capacitações nesse segmento. “Trata-se de uma inovação na cadeia produtiva da apicultura, oferecendo uma nova alternativa de geração de renda, especialmente para mulheres e jovens apicultores do norte de Minas. Por meio do programa de capacitação do Projeto Amanhã, a Codevasf cumpre sua missão de promover o desenvolvimento regional”, afirma.
Segundo Maurício Ribeiro dos Santos, presidente da Associação dos Apicultores de Porteirinha (Apiport), o curso representa um avanço importante para a diversificação e valorização da produção local. “Esse curso é muito importante porque vai diversificar os nossos produtos, agregar valor e aumentar a geração de renda”, afirma. Tradicionalmente conhecidos somente pela produção de mel, os apicultores da região agora aprendem a transformar os derivados da apicultura em novos itens. “Estamos produzindo sabonetes à base de mel, xampus, cremes de pele e protetores labiais. Tudo natural”, detalha.
Maurício destaca ainda que a capacitação pode beneficiar tanto os produtores com maior volume de produção quanto os de menor escala. “Quem tem produção alta de mel e às vezes não consegue comercializar tudo, agora tem uma nova alternativa. E para quem tem produção pequena, consegue agregar mais valor ao produto. Isso faz a diferença”, avalia.
Os cosméticos produzidos durante o curso são artesanais e, segundo o presidente da associação, podem ser fabricados em casa, desde que em ambientes apropriados. “É preciso um espaço adequado, separado do mel destinado ao consumo, mas é um processo de fácil acesso para quem não tem muita renda”, explica.
Atualmente, a Apiport é formada por 44 famílias, das quais cerca de 23 pessoas participam do curso. A expectativa é que os produtos desenvolvidos possam ser comercializados em feiras da cidade e em eventos realizados em parceria com instituições como o Sebrae. “Participamos de muitas feiras, e essas parcerias ajudam muito na divulgação e nas vendas”, conclui Maurício.
A agricultora aposentada Judite Márquez Ferraz, moradora de Porteirinha, é uma das participantes do curso voltado à produção de cosméticos derivados da apicultura. Para ela, a capacitação representa mais do que conhecimento. “Amo esse curso, porque capacita a gente para fazer alguma coisa, não só para a nossa família, mas também para a renda da apicultura. A gente consegue avançar e divulgar mais a produção do mel e tudo o que envolve essa atividade”, afirmou dona Judite.
Ela destaca que a apicultura vai muito além do mel. “Nós já fizemos curso sobre alimentos, balas de mel, pólen, própolis, e agora esse de cosméticos. Eu achei muito importante. É muito bom. Já compramos os produtos e agora estamos nos preparando para produzir e apresentar os cosméticos na Festa do Mel e do Queijo, que será em junho em Porteirinha”, contou entusiasmada.
Mesmo com os desafios, Judite está otimista com os resultados. “Acredito que esses produtos vão vender sim e que vamos conseguir uma renda extra. Estou muito satisfeita”, finalizou.